
A ansiedade, eleita a palavra do ano em 2024, reflete um fenômeno global, mas que impacta as mulheres de forma desproporcional. Simone Resende, terapeuta e especialista em comportamento empresarial, explica como fatores biológicos, sociais e corporativos contribuem para essa realidade e propõe estratégias para enfrentá-la.
Fatores biológicos e sociais
Simone destaca que aspectos biológicos, como oscilações hormonais decorrentes do ciclo menstrual, gravidez, pós-parto e menopausa, aumentam a vulnerabilidade feminina à ansiedade. Somados a isso, níveis mais elevados de cortisol em resposta ao estresse e uma sensibilidade acentuada ao ambiente contribuem para o quadro.
No ambiente social, expectativas irreais impostas às mulheres, como a necessidade de ser multitarefas e atender a padrões de perfeição, ampliam a pressão e agravam a ansiedade.
Ansiedade no ambiente corporativo
A desigualdade salarial, a baixa representatividade feminina em cargos de liderança e a falta de oportunidades de crescimento são fatores que elevam os níveis de ansiedade entre as mulheres no trabalho. “A cobrança excessiva para equilibrar desempenho profissional e expectativas sociais é uma das principais fontes de desgaste emocional”, explica Simone.
A importância do equilíbrio entre vida pessoal e profissional
Simone ressalta que a sobrecarga de responsabilidades em casa e no trabalho é um fator determinante. “Encontrar um limite saudável é essencial para preservar o bem-estar emocional. Ninguém pode dar conta de tudo sozinho”, alerta.
Estratégias empresariais para apoiar as mulheres
Empresas têm um papel crucial na redução da ansiedade feminina. Simone sugere:
– Implementar horários flexíveis e opções de trabalho remoto.
– Oferecer sessões de terapia, coaching e atividades de meditação.
– Promover treinamentos em inteligência emocional.
– Criar um ambiente de trabalho empático, liderado por gestores que valorizem as contribuições femininas.
– Reconhecer o trabalho das mulheres com feedbacks positivos.
– Disponibilizar espaços de autocuidado para alongamentos e ioga.
Mudanças comportamentais para enfrentar a ansiedade
Simone enfatiza a importância do autoconhecimento e da regulação emocional. Técnicas como respiração consciente, mindfulness e definição de limites podem ajudar. Participar de grupos de apoio também é uma ferramenta valiosa para compartilhar experiências e reduzir o isolamento.
Liderança feminina e ansiedade
Mulheres em posições de liderança enfrentam cobranças internas e externas intensas. “A necessidade de equilibrar papéis de gestora e responsabilidades familiares, além de provar sua capacidade em um ambiente ainda dominado por homens, eleva o nível de autocrítica e ansiedade”, explica Simone.
Sobre Simone Resende
Empresária e terapeuta, Simone é formada em Ciências Econômicas e Direito pelo UNICEUB, além de especialista em comportamento empresarial e inteligência emocional. Criadora do método ICE (Inteligência Emocional, Comportamentos e Estratégias para o Sucesso), ela lidera o projeto “Mulheres Líderes de Si”, ajudando mulheres a desenvolverem seu potencial pessoal e profissional.
Reflexão final
Para Simone Resende, enfrentar a ansiedade exige uma combinação de esforços individuais e coletivos. “Precisamos de mais empatia e menos cobrança, tanto de nós mesmas quanto da sociedade. Juntas, podemos transformar os desafios em oportunidades de crescimento e equilíbrio.”