Recentemente, os influenciadores Viih Tube e Eliezer anunciaram que seu filho Ravi será submetido a uma frenectomia, procedimento que também foi realizado na filha mais velha do casal, Lua. A cirurgia, extremamente simples e eficaz, visa corrigir a anquiloglossia, conhecida popularmente como “língua presa”.
De acordo com a Dra. Lígia Conte, fisioterapeuta e especialista em desenvolvimento infantil, a anquiloglossia é mais comum do que se imagina, afetando uma grande parcela da população devido à presença de um gene dominante. A condição ocorre quando o tecido embrionário remanescente restringe o movimento normal da língua, podendo causar impactos importantes no desenvolvimento do bebê, dentre outras alterações já conhecidas.
“Muitas famílias recebem o diagnóstico de ‘língua presa’ sem a devida orientação sobre os cuidados necessários. Essa condição pode levar à dificuldades na amamentação, sono, digestão, problemas ortodônticos, alterações motoras e até desvios posturais”, explica a especialista, que hoje está em processo de finalização de artigos científicos na área, dentro da Universidade Federal de SP.
Dra Ligia reforça, ainda: “Com um diagnóstico precoce e a intervenção adequada, os impactos na vida da criança e na vida adulta podem ser minimizados, além de muitos sofrimentos hoje normalizados na maternidade, como a dor ao amamentar e o desmame”.
Segundo a especialista, países como os Estados Unidos registraram um aumento expressivo nos diagnósticos e cirurgias de frenectomia, resultado da maior conscientização sobre os efeitos dessa condição. “Estudos antigos indicam que cerca de 8% das crianças com menos de um ano apresentam impactos relacionados à anquiloglossia, mas acredita-se que o número seja ainda maior devido a diagnósticos equivocados ou tardios, além da falta de ciência executada na área”, explica.
O procedimento mais indicado para tratar a anquiloglossia é a frenectomia a laser, realizada com anestesia local. Em poucos minutos, o tecido remanescente é removido, devolvendo a mobilidade da língua e contribuindo para o alinhamento funcional de outras estruturas corporais. Mas, a frenectomia é somente uma parte desta correção, sendo necessária a reabilitação de fisioterapia especializada e de fono na sequência. “Muitos bebês simplesmente são submetidos ao “pic”, sem reabilitação na sequela, o que traz ainda mais danos, e é por isso que muitas familias chegam até nós meses após o diagnóstico”, ressalta.
Além disso, a Dra. Lígia alerta para os sinais que podem indicar a presença da condição, como dificuldades na amamentação, irritação frequente do bebê, problemas posturais, excesso de gases e dificuldades de digestão. “A soma de um olhar atento dos pais com o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar pode garantir uma infância tranquila e evitar consequências na vida adulta”, conclui.
A conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce e do acompanhamento especializado tem crescido nos últimos anos, e casos como o de Ravi ajudam a trazer visibilidade para essa condição ainda subdiagnosticada.
