No Amazonas, 25% das mulheres e 21% dos homens estão obesos, aponta OMS

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O ambiente em que a pessoa está inserida – incluindo os aspectos físicos, sociais e emocionais – exerce influência direta sobre os hábitos alimentares e pode ser um grande sabotador do emagrecimento. De acordo com o Mapa da Obesidade, da Organização Mundial da Saúde (OMS), a estimativa é de que, em 2025, 2,3 bilhões de adultos ao redor do mundo estarão acima do peso, sendo 700 milhões com obesidade.

No Brasil, o número de pessoas com essa condição cresceu 72% nos últimos 13 anos, passando de 11,8% da população em 2006 para 20,3% em 2019. No Amazonas, os índices preocupam: 25,7% das mulheres e 21% dos homens estão obesos. Diante desses números, a endocrinologista Milene Guirado alerta que o processo de emagrecimento vai além da dieta e da prática de exercícios físicos.

“Por ‘ambiente’, não estamos falando apenas de espaço físico, mas do meio como um todo. É possível estar num parque, com todos os elementos ideais para se exercitar, mas cercado de pessoas cujo hábito é tomar cerveja e comer frituras. Esse meio não favorece quem está tentando mudar de estilo de vida”, explica a endocrinologista.

Pressão Social e Familiar

Segundo a endocrinologista Milene Guirado, o ambiente social e familiar pode ser um dos principais obstáculos no processo de emagrecimento.

“Convites frequentes para happy hours, rodízios e aniversários expõem a pessoa a constantes excessos calóricos. Já em casa, a falta de apoio e o convívio com hábitos alimentares pouco saudáveis, como o consumo frequente de fast food, dificultam ainda mais a mudança de comportamento”.

O ambiente familiar também pode dificultar o processo, principalmente quando não há colaboração entre os moradores da casa.

“Se uma pessoa decide mudar os hábitos alimentares, mas o parceiro continua comprando bolachas, salgadinhos e doces, será muito mais difícil manter o foco. O ideal é que todos se apoiem, mesmo que nem todos estejam no processo de reeducação alimentar”, defende Guirado.

Falta de organização e alimentação por impulso

A falta de organização, tanto em casa quanto no trabalho, como esquecer a marmita, por exemplo, favorece decisões alimentares impulsivas, como pedir comida por aplicativo.

“Se você chega em casa cansado e não tem nada pronto, a tendência é pedir comida pelo aplicativo”, alerta a endocrinologista Milene Guirado. Supermercados e restaurantes também exigem atenção: doces e ultraprocessados são estrategicamente posicionados para estimular o consumo.

“Ao final das compras, a pessoa já está cansada e vulnerável. Ver um doce à disposição pode levar à famosa frase: ‘só hoje, eu mereço”, explica.

Já nos restaurantes, especialmente os do tipo buffet, o excesso de opções calóricas exige atenção. “É preciso desenvolver autocontrole para não exagerar. Nem todos os restaurantes são vilões, mas é importante saber fazer escolhas dentro do cardápio disponível”, completa Milene Guirado.

Estresse no ambiente de trabalho

O estresse é outro fator que pode comprometer o emagrecimento. Situações de alta pressão, comuns no ambiente profissional, provocam a liberação do hormônio cortisol, que aumenta o apetite e favorece o acúmulo de gordura abdominal.

“Chegar em casa estressado e encontrar um bolo e uma salada na geladeira. Qual você escolhe? Provavelmente o bolo. Isso não é apenas psicológico, é fisiológico. O estresse altera nossos mecanismos hormonais e, com o tempo, pode dificultar a perda de peso e favorecer doenças metabólicas”, explica a endocrinologista.

O ambiente digital também se mostra um fator de risco, com o fácil acesso a alimentos por aplicativos de entrega e a exposição constante a conteúdos alimentares nas redes sociais.

“É muito mais fácil pedir comida pronta do que preparar algo saudável após um dia cansativo. Isso se torna um hábito. A praticidade tem um peso grande nesse processo de auto sabotagem”, observa.

Estratégias para um ambiente favorável ao emagrecimento

Para quem busca emagrecer, a endocrinologista orienta que o primeiro passo é adaptar o ambiente doméstico. Outra recomendação é se alimentar antes de eventos sociais focados em comida. Para tornar o ambiente doméstico um aliado no processo de emagrecimento, a endocrinologista Milene Guirado orienta evitar o armazenamento de alimentos ultraprocessados, que são de fácil acesso e alto valor calórico.

Ainda de acordo com Milene Guirado, em contrapartida, é importante deixar frutas e lanches saudáveis sempre visíveis e prontos para consumo. O planejamento das refeições com antecedência também é fundamental, especialmente para evitar decisões impulsivas em momentos de cansaço ou estresse.

 “Além disso, optar por locais que ofereçam opções equilibradas no cardápio ajuda a manter o foco nas escolhas saudáveis. Por fim, é essencial construir uma rede de apoio com pessoas que compartilhem ou respeitem os mesmos objetivos, criando um ambiente social mais favorável e motivador. Se você vai a uma festa recheada de tentações, coma algo proteico antes de sair. Isso ajuda a evitar exageros. E, claro, aproveite o momento com moderação e sem culpa. O problema não é comer um doce, é comer como se não houvesse amanhã”, orienta a especialista.

Como se controlar nas festas juninas

Para aproveitar as festas juninas sem sair do foco, a dica é simples: não vá em jejum, mantenha-se bem hidratado e, antes de sair, faça uma refeição leve e rica em proteínas para evitar exageros. Durante o evento, coma com consciência, sem repetir, e, no dia seguinte, retome sua rotina saudável normalmente.

 “É perfeitamente possível aproveitar as festas e continuar no processo de emagrecimento. O segredo é o equilíbrio. O corpo consegue lidar com um dia fora da rotina, desde que isso não vire uma regra”, finaliza Milene Guirado.

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