sábado, 4 maio, 2024
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Afinal, como ter um relacionamento saudável e promissor nos dias atuais?

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Em levantamento divulgado neste ano, o Colégio Notarial do Brasil mostrou que 2021 foi o ano com o maior número de divórcios do país desde o início da série histórica, em 2007. Com um aumento de 40% em relação a 2020, foram registradas 80.573 separações em 2021.

 

Com esse alto índice é cada vez mais comum ouvir pessoas falarem que não querem se relacionar. Seja por decepções passadas ou medo de fracassar, muitas têm receio de investir em um novo amor. Mas, afinal, como ter relações saudáveis e promissoras nos dias atuais?

 

Segundo a professora do curso de Psicologia da Universidade Cruzeiro do Sul, Regiane Ribeiro de Aquino Serralheiro, os relacionamentos são complexos, portanto, não existe receita de bolo para uma boa convivência, pois tudo depende das expectativas de cada um, crenças, personalidade, momento de vida e fatores culturais e sociais.

 

“A convivência amorosa pressupõe diálogo, encontro, consentimento e trocas. A experiência ganha contornos mais complexos, porque envolve influências familiares, culturais e sociais que ambos precisam ir ajustando na relação. Os relacionamentos evoluem e amadurecem, pois no início a paixão e idealização comprometem reconhecer o outro como se é, e não como materialização do próprio desejo”, enfatiza.

 

Para a especialista, para ter relacionamentos saudáveis presume-se comprometimento um com o outro, reciprocidade no desejo, no amparo e respeito. E na convivência, preservar a subjetividade de cada um na vida a dois (nós), respeitando ainda a história de vida de cada casal, dentro e fora da relação.

 

Nesse sentido, é possível afirmar que brigas são grandes causadoras de divórcios e términos. Mas, de acordo com Regiane, conflitos são naturais e demandam recursos para serem mediados. “Os atritos costumam ter diversos motivos e intensidades, porém quando a conduta se torna agressiva, crítica, afeta a convivência e torna desgastante, é preciso reavaliar esse relacionamento”, aconselha.

 

Níveis de estresse aumentado, problemas de comunicação, tentativas de controle, prejuízo na autoestima, entre outros, podem indicar a presença de toxicidade no relacionamento. Esse fator também indica a falta de apoio mútuo, desrespeito, competição e outras características negativas, como estruturas de poder e colocar a pessoa parceira em posição de subjugação, exemplifica Regiane.

 

“É preciso compreender a fonte de brigas nos relacionamentos, que pode ser desde os motivos mais simples até os mais complexos. Esperar que a pessoa mude com o tempo em posicionamentos que são vitais e severos pode ser um grande risco. Se não há acordos, é muito complicado que essa relação seja saudável. É preciso pensar se a pessoa está disposta às coisas que são imprescindíveis para si. Desde como irão planejar os gastos financeiros, metas, objetivos, ter filhos, enfim, tudo que se originará num relacionamento.”

 

Outro fator negativo em uma relação é o desgaste causado por fatores como comunicação falha, sexualidade, amor, compromisso, investimento, entre outros, esses fatores apontam uma queda na qualidade conjugal. Regiane cita que um estudo elenca que os aspectos que ajudam a melhorar um relacionamento são o compromisso e o investimento nele, a intimidade e a cumplicidade, a atração e a paixão, além da expressão de carinho e afeto.

 

“A ausência destes fatores ou a má qualidade na satisfação conjugal, podem gerar conflitos e desgastar o relacionamento. Os problemas do cotidiano que não são resolvidos ou desencadeiam novos conflitos também merecem atenção cuidadosa do par conjugal”, lembra.

 

Namoro, casamento e a infidelidade

 

Além das brigas, que acabam gerando desgastes, um fator muito importante que pode destruir qualquer relação é a traição. A professora da Universidade Cruzeiro do Sul explica que a infidelidade é desde o ato sexual até o emocional que ocorra fora da relação e implica em violação da confiança e dos ajustes combinados pelo casal. Além da quebra do acordo, na infidelidade as mentiras também têm um peso importante. Regiane diz ainda que mesmo em relacionamentos abertos a quebra dos acordos estabelecidos pode representar traição e desencadear ruptura do vínculo.

 

Segundo a psicóloga, os principais motivos que geram traições são: “motivação pessoal: carência, solidão, insegurança, imaturidade, impulsividade, necessidade sexual, desejo ou atração física, busca de liberdade, envolvimento emocional e até crenças sobre relacionamentos, como não acreditar em fidelidade; motivos ligados ao relacionamento conjugal que estão presentes nos sentimentos de raiva, vingança por traição anterior, insatisfação com o (a) companheiro (a); desgaste no relacionamento, distância, desinteresse, insatisfação sexual e discordâncias sexuais e motivos relacionados ao contexto: uso/abuso de álcool, paliativos para fugir dos problemas, oportunidade para ocorrer a traição, instabilidade no relacionamento ou início de relacionamento”, afirma.

 

“As razões que estão ligadas à traição são variadas e suas razões tendem a diferir quanto ao gênero. Nem sempre casais conversam sobre o tema, e mesmo que a infidelidade seja uma quebra de contrato, nem sempre estão claros os limites da relação, visto que a maneira como cada um entende o que é ser infiel pode divergir no casal, por isso é fundamental a comunicação dos limites, desejos e expectativas no relacionamento”, aconselha.

 

Estou com dificuldades no meu relacionamento. O que faço?

 

Para quem está passando por uma situação difícil no namoro ou casamento, a psicóloga ressalta que é importante refletir sobre quais são as próprias expectativas, os investimentos afetivos e a disponibilidade para manter a relação.

 

Regiane lembra que o diálogo e ajustes são importantes ferramentas para resolver conflitos e dificuldades, mas é preciso deixar claro que esperar que o outro mude para atender aos seus desejos e expectativas pode ser fonte de frustração, bem como achar que a pessoa ao lado sempre será a mesma. “Evoluímos ao longo da vida, as experiências e vivências nos marcam e exigem adaptações frente ao mundo e caso a comunicação esteja comprometida, a psicoterapia de casal poderá ajudar muito”.

 

“O psicólogo terá o papel de ser um mediador, favorecendo o diálogo e ajustes para o casal decidir sobre o futuro e se querem ou não permanecer juntos, de forma consensual e madura. Caso o parceiro (a) não esteja disposto a psicoterapia de casal, a psicoterapia individual poderá auxiliar também, visto que decisões precisam ser refletidas seja para ficar ou ir embora”, orienta.

 

A docente ressalta que: “Investimentos se fazem necessários e contrastam com a superficialidade nas relações e o prazer a qualquer custo. Conflitos fazem parte e podem ser mediados e sanados, mas diferem de aspectos presentes em relacionamentos tóxicos e casos em que a violência possa estar presente, seja a física, psicológica, sexual e patrimonial”, finaliza.

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