Estudantes das unidades de ensino de Manaus puderam acompanhar as apresentações da temporada do espetáculo “O Barão Egoísta”, da companhia de teatro A Rã Qi Ri, apresentado no fim do mês de agosto no CEJA Jacira Caboclo (Avenida Constantino Nery, 603) e no CEJA Agenor Ferreira Lima (Avenida André Araújo, Aleixo). A apresentação da obra teatral proporcionou um momento de descontração aliado ao aprendizado, e um contato mais direto dos alunos com as artes cênicas, retrato do trabalho que a companhia tem desempenhado na capital amazonense.
Elson Brito, pedagogo do CEJA Jacira Caboclo, afirma que as reações dos alunos à apresentação das obras foi diversa – mas todas muito positivas. “Após a apresentação, alguns alunos me procuraram e teceram alguns comentários bastante relevantes, como: ‘Poxa, professor, eu gostei muito. Deveríamos ter sempre esse tipo de atividade, para não ficar somente na sala de aula’. Outro aluno falou: ‘É uma forma da gente se descontrair e aprender a interpretar algumas situações do dia a dia’”, comenta ele.
Segundo Álvaro Calazans, gestor do CEJA Agenor Ferreira Lima, os alunos criaram bastante expectativas pela atividade. “Os alunos estavam ansiosos pela apresentação completa. A prévia lhes despertou a curiosidade. Sobre a importância do espetáculo, vemos como uma oportunidade aos alunos da EJA o contato com o lúdico, com as artes e a interação do tema como a sua realidade. Sobre como absorver aprendizado com a apresentação”, pondera ele.
Origem
O espetáculo “O Barão Egoísta” conta a história de um artista andarilho, de codinome Jujuba, que chega à uma cidade (plateia) para fazer uma apresentação. Trata-se de uma adaptação do artista Augusto Marinho, a partir do conto “O Gigante Egoísta”, de Oscar Wilde. “Essa história faz parte do meu imaginário, na minha infância. Meus pais sempre propiciaram nosso acesso a livros e disquinhos coloridos de histórias infantis. Na década de 70, lembro de minha irmã, que ganhou um compacto simples (disco de vinil) com o conto de Oscar Wilde. Creio que o hábito de ler e ouvir essas histórias ajudou-me a desenvolver a imaginação, a criatividade, o gosto pela leitura além de criar empatia pelos personagens”, destaca ele.
A ideia de fazer um espetáculo com essa história surgiu em Augusto ainda nos anos 80, durante a sua formação em teatro. “Sempre pensei em adaptar o texto e cheguei a fazê-lo. No entanto, ficou engavetado por algum tempo. No ano 2000, ministrando uma formação de professores em Parintins, entrei em um brechó e vi uma camisa que caberia perfeitamente no Jujuba personagem, que contaria a história do Barão. Esse figurino me impulsionou a dar vida a esse personagem, que finalmente foi levado a cena na inauguração de uma creche em Manaus. Em 2021, já no contexto companhia teatral ‘A Rã Qi Ri’, a encenação passa por uma ampliação, com a participação de outros atores e performances, agora com o olhar de Nereide Santiago e Cleonor Cabral”, comenta ele.
Preparação
Gorete Lima, atriz-preparadora corporal e produtora da companhia teatral “A Rã Qi Ri”, explica como funcionou o processo de preparação dos atores do espetáculo. Entre as várias etapas deste processo, estão a leitura inicial, a exploração da personagem, ensaios de bloco e a preparação psicológica.
“Na leitura inicial, os atores leem o texto do espetáculo para entender a história, os personagens e o contexto. Na exploração da personagem, os atores trabalham para entender a fundo suas personagens, suas motivações e relações com outros personagens. Nos ensaios de bloco, os atores ensaiam as cenas no palco, começando trabalhar com movimentação e posicionamento. Na preparação psicológica, são ajustadas técnicas de concentração e foco para manter a intensidade emocional e mental durante as performances”, afirma ela.
Acessibilidade
O espetáculo “O Barão Egoísta” também contou com recursos de audiodescrição e interpretação em Libras durante as suas apresentações no fim de agosto. “A audiodescrição é um recurso importante que torna o conteúdo visual acessível para pessoas com deficiência visual. É a prática de fornecer uma narração adicional que descreve elementos visuais de uma performance ou obra, permitindo que pessoas com deficiência visual possam compreender e seguir a ação que está acontecendo”, comenta Gorete.
Já a Língua Brasileira de Sinais (Libras) desempenha um papel crucial na promoção da inclusão e acessibilidade no teatro para pessoas surdas e com deficiência auditiva. “Integrar a Libras no teatro não apenas amplia o alcance da arte, mas também promove a igualdade de oportunidades culturais. Ao adotar práticas inclusivas, os teatros podem criar esperiências mais ricas e acessíveis para todos”, completa Lima. O projeto foi contemplado com recursos da Lei Paulo Gustavo, com apoio dos governos estadual e federal.