sexta-feira, 29 março, 2024
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AQNO explora o pop amazônico em seu primeiro álbum “O Retorno de Saturno”

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De Marabá, sudeste do Pará, com intercâmbio no Maranhão e de peito aberto para o mundo, AQNO lança para o universo seu primeiro álbum “O Retorno de Saturno” nesta quarta-feira, dia 27 de outubro. Gay, que vive com o HIV há seis anos, o artista se agarra a suas descobertas, processos e questionamentos ao desengavetar onze composições próprias, sendo dez delas inéditas, feitas na última década e que constroem este disco que revisita, costura e ressignifica suas diversas vivências e experiências. Com referências no brega paraense, reggae do Maranhão e pop universal com toques de ritmos latinoamericanos, o compilado tem produção musical de Sandoval Filho.

Com faixas que dialogam entre si e representam esse caminhar do artista dentro de si para poder ser para o mundo, ele trabalha também a partir da semiótica do planeta de saturno e da cigarra como principais símbolos referenciais para a construção de sua obra. “Esse é um álbum que fala como eu me resolvi em várias questões na última década. O “Retorno de Saturno” é sobre respeitar os nossos processos, nosso tempo para resolvermos os conflitos internos, mesmo que seja lento”, comenta o artista. “É sobre respeitar o processo de amadurecimento e aproveitar os aprendizados dessa longa jornada que está só começando. Saturno leva cerca de 30 anos para dar uma volta inteira ao redor do sol e a cigarra vive aproximadamente 17 anos embaixo da terra, se alimentando da seiva das árvores, até emergir, romper a carapaça e  soltar seu canto reprodutivo. E esse sou eu: AQNO, um homem gay, que aos 33 anos, sendo seis deles com HIV, reconfiguro meu modus operandi afetivo, me resolvi em processos lentos, subterrâneos, solitários e agora me sinto pronto para romper e soltar meu canto”, reflete.

Mesmo criadas ao longo de dez anos, as onze faixas se interligam para contar o processo do artista dentro de relações vividas, como uma colcha de retalhos afetiva. “Na maioria das vezes eu me sabotava nesse processo de me entender vivendo com o HIV e fazendo essas trocas. Havia muita carência, medo de ficar sozinho, ser julgado. Culpa, raiva. Mas chegou também a hora de ter esperança, vontade de amar, me jogar nos afetos com leveza e liberdade”.

Para a criação do álbum, AQNO passou por um processo intenso de imersão na produção musical ao lado de Sandoval Filho. Foram 7 meses morando em São Luís do Maranhão para acompanhar de perto e se apropriar de sua obra que tem como carro chefe o “Breggae” do single Desaglomerô – a mistura do brega do Pará com o reggae do Maranhão, lançado em agosto, preparando o caminho para o álbum. “Essa vivência local, esse intercâmbio, impulsionou ainda mais essa troca entre nós dois, que foi extremamente fluida. Eu e Sandoval nos demos muito bem musicalmente. O fluxo foi muito intenso, leve e produtivo. É muito desafiador o produtor entrar no seu mundo,  na sua cabeça, visualizar o que está ali e criar em cima do que ele interpretou. E esse foi o ponto chave: ele teve muita liberdade e autonomia”, explica o artista.

Natural de Gurupi – TO, Diego Aquino, o AQNO, vive em Marabá – PA há 17 anos. Sua relação com a música começou desde cedo, mas está na cena local desde 2013, quando passou a participar de festivais paraenses de música autoral. Sua maior inspiração para compor é Lenine: “sempre fui fã de sua musicalidade e a forma como canta e escreve”, explica. Também instrumentista com teclado e violão, tem como principais referências Elis Regina, Clara Nunes, Maria Bethânia, Ângela Ro Ro, Ney Matogrosso e intérpretes clássicos da MPB que levam carga dramática em suas canções. Reforça também a importância do movimento tropicalista com Caetano, Gil e os Novos Baianos, artistas paraenses como Fafá de Belém, Wanderley Andrade, Companhia do Calypso, Banda Fruto Sensual e artistas internacionais como A-ha, Queen e Michael Jackson para sua trajetória.

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