quarta-feira, 15 maio, 2024
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Compensado naval dá resistência, beleza e ar natural à madeira na decoração

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Dar o aspecto da madeira natural ao ambiente é uma das principais características do compensado naval (ou marítimo), um tipo de painel fabricado por meio da colagem de lâminas de madeira. Resistência, beleza e sustentabilidade também são aspectos levados em conta por profissionais e consumidores.

O termo naval deve-se à grande empregabilidade do compensado na construção de embarcações, pois ele possui grande flexibilidade e resistência à água. Em sua forma mais moderna, ele surgiu durante a Revolução Industrial, um momento em que houve o desenvolvimento de novas colas e resinas, popularizando-se após a 2ª Guerra Mundial.

Na arquitetura, ele foi mais popular entre os anos de 1930 e no pós-guerra. Em sua autobiografia, por exemplo, o famoso arquiteto americano Frank Lloyd Wright (1867-1959) diz usar placas de madeira compensada em alguns de seus trabalhos porque é um “rico isolante térmico”, “à prova de pragas” e pode ser fabricada no próprio local onde será usada e adicionadas a estruturas montadas sem complicações.

Fabricação

De acordo com o arquiteto Francesco Torrisi, sócio-diretor da Átomo Arquitetura, o compensado naval difere-se dos demais laminados de madeira porque as lâminas são coladas com suas fibras de forma perpendicular a cada camada, formando um padrão de fibras cruzadas.

“Essas camadas são unidas por um adesivo e prensadas sob alta pressão e temperatura. Por conta desse processamento, que é o princípio da laminação cruzada, obtém-se um produto de madeira com maior estabilidade dimensional e resistência, podendo superar outros defeitos naturais, como nós e manchas na madeira”, afirma Torrisi.

A colagem possui importância fundamental no processo de construção do compensado, definindo a característica final da composição, afirma o químico Gilmar Geraldo Soares da Silva, da Montana Química, empresa especialista em tratamento, proteção e preservação de madeira na indústria e no varejo. Segundo ele, é essencial utilizar cupinicida com as resinas fenólicas usadas na colagem das lâminas.

“Muitos fabricantes acreditam que a cola fenólica já tem efeito cupinicida, porém, o preservativo de ação inseticida para adição à cola de painéis de madeira é essencial para proteger a superfície contra insetos xilófagos, ou seja, que se alimentam de madeira e deterioram o material, como os cupins e as brocas”, alerta Silva.

O químico também lembra que a madeira em si utilizada para fazer os laminados deve passar por tratamento industrial. “As toras de madeira são colocadas em autoclave, pelo sistema de vácuo pressão, para que preservativos químicos garantam resistência e durabilidade à madeira, seja ela de floresta tropical certificada ou de reflorestamento.”

Decoração

O arquiteto Francesco Torrisi diz que o compensado naval é empregado de forma mais crua, sem utilização de películas ou fórmicas comumente encontradas nos móveis de MDF. “Como é formado por folhas naturais de madeira, o compensado naval pode ser tratado apenas com verniz ou stain, conseguindo mimetizar a madeira natural no ambiente”, afirma o especialista.

Para reforçar esse aspecto visual e, ao mesmo tempo, proteger a madeira, tanto o verniz quanto o stain funcionam bem, mas este último tem uma vantagem: ele não forma uma película uniforme sobre a madeira, com o verniz, mas sim penetra em seus veios – o que garante esse aspecto mais rústico ao substrato.

“Outra sugestão para ampliar a sensação de naturalidade da madeira é escolher um stain incolor e de alta performance. Além da beleza, o produto oferece proteção contra água, fungos e exposição ao sol”, aconselha a especialista em madeira.

Torrisi ressalta que a composição dos painéis, que é muito variada, possibilita esteticamente um enorme leque de opções. “O compensado naval pode se adaptar a diversas ideias de composição estética (cores e tipos de madeira). Podemos citar compensados com a lâmina externa de virola (mais comum), cedro, pinos e paricá, cada um proporcionando uma característica única para os ambientes. Além disso, o uso do compensado se insere muito bem na discussão da sustentabilidade na arquitetura contemporânea, substituindo a madeira natural e o imenso custo ecológico”, diz o arquiteto.

Custo-benefício vale?

Móveis feitos com compensado naval ficam mais caros que os tradicionais de MDF, mas os especialistas dizem que a diferença gritante em durabilidade e beleza compensam. “A capacidade de substituir visualmente a madeira natural, a alta resistência à água, a alta resistência mecânica e a vida útil superior em relação a outros materiais são algumas características que fazem o compensado naval valer a pena”, diz Torrisi.

Kelly Lima concorda. “Para quem busca esse aspecto natural da madeira e durabilidade, o compensado naval é uma excelente solução, mesmo em termos financeiros, porque a longo prazo ele compensa. Com o uso de produtos que protegem a madeira, a vida útil dele é ainda mais potencializada.”

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