De acordo com o recente levantamento realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 50 milhões de brasileiros são afetados por alguma doença relacionada à visão, o que representa 20% da população nacional. Mais da metade desses casos correspondem à deficiência visual intensa e até mesmo à cegueira, consequências extremas que muitas vezes poderiam ter sido evitadas se os problemas fossem tratados com antecedência e se as pessoas afetadas tivessem seguido recomendações médicas para a preservação da saúde ocular.
Entre essas recomendações, conforme destaca o profissional de Oftalmologia da rede AmorSaúde, Dr. Aluizio Rocha, está a realização de exames que muitas vezes não são usuais aos pacientes, por fatores como medo e falta de acessibilidade, e a adoção de alguns cuidados, como evitar levar as mãos aos olhos com frequência.
“Quando falamos em saúde ocular, há 5 principais ações que deveriam ser adotadas por todos. A ação número 1 é se consultar pelo menos uma vez ao ano com médico oftalmologista. A número 2 é que o paciente na faixa etária dos 60 anos não demore a realizar a cirurgia de catarata, que corresponde ao envelhecimento do cristalino — a lente natural do olho — e todos nós vamos desenvolver com a idade. Quanto mais o paciente demora na realização da cirurgia mais a catarata se desenvolve, piorando a visão e aumentando os riscos cirúrgicos”, explica o profissional.
O Dr. Aluizio ressalta ainda que “a terceira ação a ser adotada é se atentar ao risco de Glaucoma, doença que leva à cegueira, mas que pode ser identificada e controlada, sendo fundamental o exame de tonometria, medida da pressão do olho durante a consulta oftalmológica, principalmente em maiores de 50 anos e pacientes com histórico familiar. A quarta medida é a realização do exame de mapeamento de retina, no qual podemos identificar por exemplo a retinopatia diabética — a diabetes do fundo do olho — e tratar com mais facilidade e melhores resultados em casos iniciais. A quinta prática é evitar coçar os olhos, pois alguns pacientes possuem o risco de desenvolver ceratocone, doença que pode levar ao transplante de córnea em casos graves, e que é piorada com o ato de levar às mãos aos olhos com frequência”.
Cabe destacar que esses cuidados muitas vezes são ofuscados por alguns mitos que integram o senso comum como o de que “ler com pouca luz prejudica os olhos”. Embora ler em condições de pouca luz possa causar cansaço visual, não há evidências de que isso cause danos permanentes à visão. Os sintomas como olhos secos, dores de cabeça e visão turva são geralmente temporários e se resolvem com descanso e melhores condições de iluminação.
Outro mito comum no Brasil é o de que comer muita cenoura vai blindar a sua visão. De fato, as cenouras são ricas em vitamina A, o que é essencial para a saúde ocular, mas comer grandes quantidades não melhora a visão além do necessário para evitar deficiências. A deficiência de vitamina A pode causar problemas de visão, mas uma dieta equilibrada que inclua várias fontes de nutrientes é mais benéfica para a saúde ocular geral.
Ameaças mais frequentes à saúde ocular
No Brasil, o mês de julho é destinado à campanha de proteção à saúde ocular, a qual se baseia na conscientização populacional sobre a importância de consultas oftalmológicas frequentes para prevenção e diagnóstico de doenças relacionadas à visão. Segundo o Dr. Aluizio Rocha da rede AmorSaúde, o principal vilão para a saúde dos olhos na atualidade é a falta de acesso ao oftalmologista. “O olho é um órgão muito delicado e complexo, por isso um médico habilitado e cuidadoso pode fazer toda a diferença na vida de inúmeros pacientes. Infelizmente, no Brasil, é comum que muitas pessoas se satisfazem com consultas que avaliam apenas o óculos e esquecem de cuidar do olho”, alerta.
Além da falta de acesso a profissionais, o médico elenca outras três ameaças comuns a saúde dos olhos; confira:
Falta de alinhamento entre a realização de exames conforme a idade dos pacientes
Quando se trata de saúde ocular, cada idade requer um cuidado devido ao risco de desenvolvimento de doenças. O Glaucoma, por exemplo, é uma doença que normalmente se desenvolve por volta dos 45 anos, por isso, pessoas acima dessa faixa etária devem realizar o exame com frequência. Da mesma forma, a Catarata costuma aparecer na faixa entre 55 e 60 anos, quando os pacientes já devem dar início aos exames com foco na identificação. Além disso, todos os pacientes com diagnóstico recente de Diabetes, sejam jovens ou idosos, devem realizar o exame de mapeamento de retina e, para completar os casos mais comuns, o Ceratocone é uma doença que se desenvolve dos 20 aos 40 anos, sendo essencial os exames voltados para identificação dessa doença que pode levar à cegueira.
A exposição à luz solar e à emitida por aparelhos digitais
Luzes intensas e brilhantes também podem ser vilãs da saúde ocular, com destaque: à exposição prolongada aos raios UV, que pode causar danos aos olhos, como catarata e degeneração macular; à exposição à conhecida luz azul emitida por telas de computadores, smartphones e tablets, o que pode levar a cansaço visual digital e prejudicar o sono; o ato de olhar diretamente para fontes de luz intensa como lasers ou lâmpadas muito brilhantes, assim como superfícies reflexivas expostas à luz solar.
A prática frequente de levar as mãos aos olhos
Prática comum, o ato de levar as mãos aos olhos pode fazer com que a pressão aplicada cause lesões na córnea, levando os pacientes a desenvolver infecções intensificadas pelo fato de que as mãos carregam germes e bactérias que podem se transferir para o local. Além disso, coçar os olhos pode fazer com que a pressão dentro deles aumente, o que, se feito repetidamente, pode contribuir para o glaucoma.