domingo, 5 maio, 2024
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Doenças virais e microbiota intestinal: como driblar os desconfortos das viroses

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O efeito é avassalador: diarreia, gases, inchaço abdominal, vômito, mal-estar generalizado. No combo das viroses gastrointestinais, nenhum sintoma passa despercebido.  E, a depender do vírus em questão, a imunidade sente o impacto a curto, médio e longo prazo.

“Toda vez que a gente tem uma infecção viral, e quando esse equilíbrio é quebrado por um vírus mais patogênico ou por um vírus que acaba se multiplicando mais do que deveria, isso causa um estresse importante no sistema imunológico intestinal e a gente pode ter alterações de permeabilidade do intestino”, explica a médica especialista em gastroenterologia e professora do Puravida PRIME, Denise de Carvalho.

A curto prazo, impera o desconforto e a possível desidratação, decorrente do excesso de líquidos eliminados.

A médio prazo, num período que varia de dois a cinco dias, o organismo lida com a dificuldade de absorção dos nutrientes, que pode levar a quadros de baixa nos níveis de magnésio, sódio, potássio e outros minerais.

E, a longo prazo, nas crianças, há a possibilidade do desenvolvimento da síndrome inflamatória multissistêmica.

Esse estresse excessivo sobre a mucosa do sistema digestivo estressa tanto esse sistema imunológico que está assoberbado com a infecção viral e com o aumento da permeabilidade dos intestinos, que a consequência é essa infecção, que ativa uma resposta inflamatória muito desequilibrada e que pode refletir em outros sistemas”, alerta a especialista.

Não pare

Cessar os movimentos do intestino, que trabalha desordenado por conta da virose, é o maior dos desejos durante o quadro de desinteria. Mas, a solução não é recomendada, isso porque o sintoma é uma reação do corpo que luta contra a infecção.

A orientação é investir na hidratação para repor os líquidos e sais minerais. Caso não seja possível via oral, a opção é a reposição dos eletrólitos pela via intravenosa. Já a dor é passível de ser amenizada com o uso de analgésicos e antiespasmódicos, que reduzem os movimentos peristálticos.

Tratamento complementar

Para além do convencional soro caseiro ou de farmácia, os suplementos alimentares são aliados na retomada do equilíbrio da microbiota intestinal.

Na prescrição para os pacientes, Denise Carvalho costuma investir em três substâncias que ela classifica como pouco óbvias neste cenário, embora tenham embasamento científico:

Glutamina: ajuda, indiretamente, na imunidade, por conta do efeito sobre a permeabilidade intestinal
Creatina: melhora a permeabilidade intestinal após infecções virais;
Melatonina:  reduz estresse oxidativo mitocondrial, favorecendo a recuperação da mitocôndria pós-infecção, agindo diretamente sobre a mucosa.
A professora do Puravida PRIME reforça: o uso da melatonina, nesses casos – como em outras patologias – deve ser feito à noite, para não interferir no ciclo circadiano.

“O sistema digestivo é muito importante para o relógio biológico, então o ideal é que a gente não confunda esse relógio biológico, porque se a gente colocar melatonina durante o dia, eu acho chato cortisol – que é o principal hormônio anti-inflamatório que a gente tem”.

Atividade física

Mesmo seguindo todas as recomendações para restabelecer o equilíbrio do organismo durante a passagem da virose, os exercícios físicos devem ficar fora do check-list do dia enquanto os sintomas estiverem presentes.

“Cuidado aí com a atividade física nesse período. Primeiro, para não passar vergonha. Segundo, para não aumentar a isquemia desse sistema digestivo, diminuindo ainda mais a tensão de oxigênio sobre o sistema digestivo!”, alerta a especialista

Bom lembrar

Das doenças que acometem o sistema digestório, as viroses estão entre as mais intensas, principalmente quando o assunto é o desconforto causado pelos sintomas.

Medicamentos como analgésicos e antiespasmódicos são recomendados para driblar as dores durante o quadro de gases e diarreia, no entanto, a orientação é não tentar cessar a desinteria, que funciona como sinalizador da luta do organismo contra a infecção em curso.

Alguns suplementos alimentares têm ganhado protagonismo na recuperação da saúde da microbiota intestinal após a virose. Na utilização clínica, se destacam a glutamina, a creatina e a melatonina.

Restabelecer o equilíbrio entre os micro-organismos que compõem o ecossistema do intestino é fundamental para a plena recuperação. E a alimentação saudável é peça-chave nesse processo.

Apesar dos incontáveis benefícios, os exercícios físicos devem ser evitados enquanto persistirem os sintomas.

E, vale lembrar: o trio hidratação-suplementação-alimentação é o segredo do sucesso para a recuperação da microbiota intestinal após uma infecção viral.

 

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