segunda-feira, 13 maio, 2024
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‘Macacos’ faz últimas sessões online dias 30 e 31 de outubro

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A dramaturgia foi criada a partir do caso do goleiro Aranha, do Grêmio, ofendido pela torcida tricolor gaúcha em 2014. Este mote real, transformado para o contexto artístico, sustenta Macacos como denúncia do racismo estrutural existente na sociedade
Depois de se apresentar em diversos festivais e ganhar prêmios, Macacos, da Cia. do Sal, com direção, criação e atuação de Clayton Nascimento, fez sua primeira temporada no formato on-line e agora faz as duas últimas transmissões nos dias 30 e 31 de outubro de 2021, às 21h, no youtube da Corpo Rastreado . O projeto foi contemplado pela Lei Aldir Blanc (Lei 14.017/2020), por meio do Ministério do Turismo, Secretaria Especial da Cultura e Prefeitura Municipal de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Cultura.
O nome do espetáculo faz referência a uma das formas de xingamento mais usada para ofender os negros no mundo todo. O preconceito contra os povos pretos é abordado em cena a partir do relato de um homem-negro que busca respostas para o racismo que rodeia seu cotidiano e a história de sua comunidade.
Macacos se desenrola num fluxo de pensamentos, desabafos e elucidações que surgem em cena, pautados na história do Brasil e situações vividas por grandes artistas negros, de Elza Soares a Machado de Assis, até alcançar relatos e estatísticas de jovens presos e executados pela polícia. Aílton Graça fez a provocação cênica.
O dever do artista
Macacos começou a ser escrita em 2015 e fez sua estreia em 2016. Desde então, a peça já participou de festivais em Fortaleza, Curitiba, Brasília, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Fortaleza, Pernambuco e Amazonas. E acumula mais de uma dezena de premiações, entre eles “Prêmio Especial do Júri por Relevância Temática e Proposição Cênica” do IX Festival Niterói em Cena, do XIV Fesq, do XX Festival de Teatro do Rio de Janeiro e do VIII Festival de Teatro do Amazonas.
Na versão virtual, o monólogo absorve questões atuais e cada vez mais urgentes. O Brasil é o território com maior índice de homicídios causados pela Polícia Militar e Sociedade Civil à comunidade negra e indígena quando comparado a qualquer país do mundo.
“Como disse Nina Simone, o dever do artista é refletir seus tempos”, diz Clayton Nascimento. “Macacos faz um jogo entre arte cênica, as palavras, os fatos e o discurso para debater com o público a violência do racismo que sempre esteve presente na sociedade brasileira. O texto reforça o compromisso de se comunicar com o povo negro, com o nosso olhar”, completa o dramaturgo. Todas os profissionais envolvidos na produção são negros.
O texto da peça traz à luz fatos que não estão escritos nos livros didáticos, fazendo a relação entre números das estatísticas como as coletadas pelo Atlas da Violência do IPEA, e estatísticas coletadas pelo IBGE, e experiências cênicas.
A dramaturgia foi criada a partir do caso do goleiro Aranha, do Grêmio, ofendido pela torcida tricolor gaúcha em 2014. “Já que o xingamento é infelizmente inevitável, transformamos em uma expressão artística. Como diz a professora Rosane Borges é preciso mexer na podridão para provocar a reflexão. A peça é um convite a pensar sobre isso”, completa o artista.
A montagem traz somente Clayton no palco, usando a iluminação, um batom e uma garrafa d’água para falar sobre a urgência da vida negra no Brasil. Para amplificar esse debate, Clayton receberá, ao final de cada apresentação, convidados para desdobrar temas pertinentes aos assuntos, fatos e estatísticas abordados na peça, os convidados/as e datas serão divulgados nas redes sociais da Cia do Sal.
Macacos é uma criação da cia do Sal, fundada por Clayton para desenvolver seus projetos artísticos para fazer parcerias com artistas que compartilham a visão de fomentar o empoderamento político-social e aproximar essa discussão ao público.
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