quinta-feira, 18 abril, 2024
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Márcia Novo na luta pelas vidas indígenas

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Com quase 15 anos de estrada, sendo dez deles dedicados à música amazônica, Márcia Novo é uma artista que está sempre resgatando as suas raízes, seja gravando novas canções dentro dessa temática ou experimentando sonoridades que remetem à cultura do Estado. Em sua fase mais recente, Novo foi além. 

A princípio impossibilitada de trabalhar no setor cultural por conta da pandemia, a cantora resolveu ajudar um dos grupos mais impactados pela Covid-19: os povos indígenas. Foi aí então que nasceu o projeto ‘Vidas Indígenas Importam’. Na entrevista a seguir, a artista fala mais sobre o projeto e suas ações, relembra sua relação com a cultura e as questões indígenas e adianta um pouco dos seus planos na música. Confira:

Como surgiu a ideia para o projeto ‘Vidas Indígenas Importam’?

A idealização do projeto é minha, mas, óbvio, que eu jamais conseguiria executar sozinha nem um terço de tudo que aconteceu. Eu iniciei com uma vaquinha informal e aí os amigos foram somando dentro dessa vaquinha, depois empresas foram aderindo e aí nasceu um projeto social. O que era uma vaquinha informal virou um projeto social, que hoje tem uma rede de mulheres indígenas envolvidas que foram fundamentais para que tudo isso acontecesse.

Quais as principais ações e objetivos do projeto?

O projeto surgiu para ajudar com cestas básicas para comunidades indígenas na época da pandemia. A demanda de pedidos era gigantesca pois os indígenas em contexto urbano, aqueles que saíram de suas aldeias, não recebem apoio de órgãos como a FUNAI. 

O projeto foi crescendo e chamamos a Fundação Amazonas Sustentável (FAS) para trabalhar junto com a gente e nos ajudar na logística de recebimento e entrega das doações. O objetivo era arrecadar itens de higiene, cesta básica, material de limpeza, entre outras coisas do tipo. 

Agora neste momento pós-pandemia, decidimos dar continuidade ao projeto, mas de outra maneira. Agora nosso objetivo é fomentar a economia dessas comunidades, de forma a trazer independência para eles.   

Uma das nossas ações foi reerguer, no ano passado, o barracão da aldeia deles, que é um ponto turístico de muita ajuda na renda da comunidade. Lá eles recebem turistas e vendem seus artesanatos. Inclusive o festival que vai acontecer amanhã é pensando nisso. Em fomentar a economia deles, para eles venderem os artesanatos, ganharem um dinheirinho na bilheteria.

Como tem sido conciliar a vida de artista com esses projetos sociais?

Na pandemia foi bem tranquilo conciliar porque a vida parou. Então, foi muito bom pra mim trabalhar nesse projeto social porque eu fiquei com a minha cabeça ocupada e fiquei com a minha cabeça boa. Me senti sendo útil no meio de todo o transtorno que o mundo estava. 

Agora, na pós-pandemia, tem sido tranquilo também porque a gente tem organizado o tempo e feito muito planejamento. Não são mais ações de urgência como era antigamente, quando tínhamos que conseguir, por exemplo, comida e álcool em gel para as comunidades.

Nosso foco, esse ano, é erguer mais dois barracões em comunidades diferentes com lojinhas de moda indígena, de artesanato e muito mais, enfim, dar um gás para que eles deem continuidade à sua cultura. Como eu disse, são planos de médio e longo prazo. 

Falando na carreira artística, quais seus projetos futuros? 

Neste primeiro semestre estamos finalmente podendo divulgar o ‘Eletroboi’, que foi um trabalho que eu lancei na pandemia, mas que por conta de todo o isolamento a gente não conseguiu girar com esse show. Então, agora já nesses aquecimentos bovinos temos vários shows pra fazer nessa pegada.

Já no segundo semestre vamos lançar um novo trabalho que é um piseiro amazônico  falando muito das coisas daqui sem perder essa pegada regional que eu amo e que tem a ver com a minha personalidade. 

E um outro projeto bem legal que a gente vai executar é o Festival Tarumã Alive, que é esse grito aí pelas águas de Manaus, focando no Tarumã. Vamos fazer um grande festival, agora com o público. É algo muito pessoal, porque acredito ser de nossa responsabilidade lutar pelas nossas águas. A paisagem de igarapés poluídos na cidade já virou comum e a gente só está perdendo igarapés e rios por conta dessa falta de saneamento e consciência ambiental que a galera da nossa região ainda não tem. Está faltando Manaus acordar e cuidar do seu próprio espaço.

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