A Feira da Rosenbaum, um dos principais eventos de arquitetura e design do Brasil, chegará a Manaus em junho, sediada na Fundação Amazônia Sustentável (FAS). Além dos expositores, o evento conta com palestras de renomados profissionais, como o fotógrafo e youtuber Lufe Gomes e o estilista Maurício Duarte, destacado na moda brasileira e natural do Amazonas.

Como estreante na São Paulo Fashion Week (SPFW) em 2022, Duarte, que tem raízes indígenas Kaixana, ressalta a conexão entre moda e arquitetura, destacando que, em seu trabalho, o corpo humano é o foco principal, enquanto na arquitetura é o espaço em que o corpo é inserido.

Segundo o estilista, que atualmente mora em São Paulo, a conexão entre moda e arquitetura é interessante porque ambos os profissionais lidam com expressões, seja escolhendo uma roupa ou “vestindo” uma casa com elementos afetivos.

No seu ateliê, por exemplo, Duarte trabalha com cerâmicas contemporâneas com acabamentos de galhos de árvores, além de criar jogos americanos feitos com sementes de açaí e morototó. Esses elementos representam sua identidade, assim como suas roupas, sempre com foco no artesanato.

Feira brasileira

A Feira da Rosenbaum se destaca por apresentar criações autorais e com identidade brasileira, uma característica que o estilista amazonense também enfatiza em suas criações. Ele participará do evento em Manaus após sua segunda participação na SPFW, que ocorre em 27 de maio.

A nova coleção de Duarte reflete a força dos conhecimentos ancestrais e envolveu viagens a São Gabriel da Cachoeira, município com a maior concentração de povos indígenas do Brasil, com 23 grupos étnicos e mais de 16 línguas. Suas criações abordam tramas e construções presentes na cultura dos povos do Amazonas.

O estilista destaca a importância de considerar o artesanato como uma forma de arte e tecnologia ancestral, bem como um conhecimento que não pode ser perdido. Ele ressalta que essas práticas são memórias da infância e saberes dos mais velhos, que precisam ser preservados.

A coleção incorpora materiais como fibras de arumã e tucum, além de tecidos ecológicos compostos por juta. As formas geométricas foram inspiradas nas cestarias dos povos Baré, Tariano, Tikuna, Curipaco e Baniwa. As peças foram desenvolvidas em parceria com artesãos de cada etnia e com a associação de mulheres indígenas do Alto Rio Negro.

Na sua palestra, Duarte pretende enfatizar a importância de valorizar os artistas locais, o trabalho manual e a cultura amazônica. Ele ressalta a importância da moda, arte e design, destacando que, mesmo sendo um polo industrial, é essencial promover a moda e arte em Manaus, assim como nas áreas rurais do estado do Amazonas, evitando que os talentos locais precisem sair de sua