Se fosse para descrever a orquídea em apenas uma palavra, com certeza seria “versatilidade”. Seja par presentear, ornamentar, decorar e até colecionar, elas estão entre as opções preferidas dos consumidores. Só no Brasil são mais de 2.590 espécies, que vão das mais populares as raras, de diversos formatos e cores. Por ter opções que se adaptam a diferentes ambientes e climas, é o que faz do universo das orquídeas ainda mais encantador.
Por ser uma planta tão “multifacetada”, é comum que surjam muitas dúvidas por parte de quem resolve cultivá-las. O engenheiro agrônomo da Forth Jardim, Marcos Estevão Feliciano, explica que um dos principais questionamento costuma ser: “qual o ambiente ideal para minha orquídea?”
“De modo geral assim como seria em uma floresta tropical, as orquídeas precisam da sombra e da umidade das árvores para se desenvolver. Inclusive a grande maioria das espécies brasileiras são epífitas, ou seja, elas crescem presas aos troncos das árvores, e isso já diz bastante sobre o tipo de ambiente ideal para o seu desenvolvimento. Mas é preciso considerar uma série de fatores, como o fato de que além das epífitas, temos outas espécies que se desenvolvem em outros tipos de ambientes”.
Com exceção da Antártida, as orquídeas podem ser encontradas em praticamente todos os continentes, por isso dependendo da espécie elas podem crescer em ambientes variados, que vão desde florestas tropicais até regiões áridas. Se considerarmos os locais ondem elas podem se desenvolver, podemos classificá-las em:
Epífitas
São aquelas que crescem sobre outras plantas, geralmente árvores. Mas ao contrário do que alguns pensam, elas não são “parasitas”, não retiram nutrientes delas, apenas as usam como suporte. As orquídeas ficam penduradas nessas árvores e usam suas raízes para se fixar. Esse grupo representa mais de 90% das orquídeas comercializadas.
Exemplos: Orquídeas do Gênero Cattleya (catléia), Phalaenopsis (orquídea-borboleta), Dendrobium (olho-de-boneca) e Oncidium (chuva-de-ouro e orquídea-chocolate).
Alguns cuidados específicos:
- As epífitas não devem ser plantadas em terra, pois apodrece suas raízes;
- Elas precisam de um substrato bem aerado, no mercado é comum de encontrar pronto uma mistura a base de casca de pinus, carvão vegetal e chips de coco;
- As regas devem ser feitas sempre que o substrato começar a secar, e no dia da rega pode levá-las em um tanque e deixar cair bastante água em suas raízes;
- A adubação é feita principalmente nas folhas, mas pode-se aproveitar o adubo diluído no pulverizador e também aplicar nas raízes.
Terrestres
Neste caso são as orquídeas que vivem como as plantas comuns, na terra mesmo, de onde retiram todos os nutrientes que precisam. Além de serem cultivadas diretamente no solo, elas também se desenvolvem bem em outros tipos de substratos, desde que ele consiga reter bem a umidade, sem deixar as raízes da planta encharcadas.
Exemplos: Arundina bambusifolia (orquídea-bambú), Ludisia discolor (orquídea pipoca); Spathoglottis unguiculata (orquídea-grapete) e Cymbidium sp (cimbidium)
Alguns cuidados específicos:
- Essas orquídeas são terrestres, mas não quer dizer que é para plantá-las diretamente na terra;
- Na natureza se desenvolvem na superfície da mata, em uma terra vegetal, portanto se desenvolvem melhor em substratos que imitem a natureza;
- Hoje em dia é fácil de encontrar nos comércios, substratos específicos para orquídeas terrestres;
- As regas são feitas quando o substrato começar a secar, além disso, quando observar que está saindo água por debaixo do vaso, é o sinal que já é o suficiente;
- A adubação pode ser feita diretamente no substrato ou nas folhas, sempre dando preferência para os adubos para diluir em água;
- Se for aplicar nas folhas use um pulverizador e nas raízes um regador”.
Aquáticas
Já esse tipo de orquídeas são plantas que geralmente crescem em ambientes úmidos ou aquáticos, como lagos, rios e pântanos. Suas raízes ficam submersas e elas absorvem nutrientes e água do ar e da superfície da água. Algumas espécies podem ser facilmente cultivadas em aquários e lagoas ornamentais.
Exemplo: Habenaria repens – comumente chamada de orquídea do pântano, aranha d´água ou orquídea flutuante.
Alguns cuidados específicos:
- Não necessitam de cuidados específicos, vivem em seu habitat natural, não são comercializadas.
Outros ambientes
O profissional explica que existem orquídeas que preferem lugares ainda mais diferentes para crescerem e se desenvolverem, podendo também serem chamadas de:
- Saxícolas (rupícolas, ou litófitas): refere-se as orquídeas que crescem em rochas, geralmente em fissuras de pedras ou em terrenos rochosos.
- Humícolas: são aquelas que crescem geralmente em áreas florestais, onde a matéria orgânica é abundante. Podem se desenvolver no solo, desde que haja folhas e galhos em decomposição, com bastante húmus.
- Aerícolas: essas podem crescer apoiadas em árvores e rochas em ambientes saturados de umidade, com elas absorvendo água e nutrientes do ar.
- Trepadeiras: algumas orquídeas também são trepadeiras, e apesar de terem suas raízes no solo ou “serrapilheira”, crescem se apoiando em estruturas como cercas, treliças ou em outras plantas.
- Halófitas: elas crescem em ambientes salinos, como manguezais ou em áreas de restinga, onde a água possui uma alta concentração de sal.
- Saprófitas: são orquídeas muito raras, que não possuem clorofila e não fazem fotossíntese. Para obter seus nutrientes, elas se alimentam de restos de vegetais e de animais em decomposição. Geralmente são brancas, rosadas ou amareladas, sem o característico pigmento verde (clorofila) que a maioria das plantas tem.
“Saber qual o tipo de orquídea que você está levando para casa, entender a origem dela e suas particularidades é o mais indicado para saber como criar o ambiente ideal para sua planta se desenvolver. Entender cada fase da planta e usar o produto adequado para o momento, também é uma forma de lidar com o cultivo dessa planta tão versátil. O universo das orquídeas é realmente apaixonante, justamente o que motiva a Forth Jardim não só ter uma linha completa destinada a elas, como também contar com vários tipos de materiais educativos, que auxiliam no seu cultivo”, completa Marcos Estevão Feliciano.