sábado, 11 maio, 2024
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Selo Sesc apresenta projeto Relicário, que estreia com gravação inédita de João Gilberto

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Lançado pelo Selo Sesc, o projeto Relicário estreia com gravação inédita do ícone da Bossa Nova, João Gilberto. A partir de hoje, dia 5 de abril, o álbum duplo João Gilberto (ao vivo no Sesc 1998), com o áudio remasterizado da histórica apresentação na unidade Vila Mariana, em 1998, estará disponível gratuitamente e com exclusividade na plataforma Sesc Digital. A faixa inédita Rei sem coroa também estará nesta data nas principais plataformas de streaming, mas o álbum completo chegará no dia 26 de abril, quando também será lançado no formato físico, em CD.

“O álbum João Gilberto (ao vivo no Sesc 1998) inaugura a coleção Relicário, composta por shows gravados em nossas unidades, registros que fazem parte de nosso acervo documental. O lançamento do álbum reforça o compromisso institucional com a valorização do patrimônio imaterial do país e com a democratização do acesso aos bens culturais. Convido a todos a ouvir, de uma só vez, essas 36 canções na voz e no violão do bruxo de Juazeiro, apelido cunhado por Caetano Veloso”, afirma Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc São Paulo.

O lançamento celebra os 25 anos da apresentação no Sesc Vila Mariana. A unidade havia sido inaugurada em dezembro de 1997, e o pai da bossa nova era um dos primeiros grandes nomes a pisar no palco de seu teatro. João Gilberto estava em turnê para celebrar os 40 anos da bossa nova, com shows agendados em Salvador, Rio de Janeiro, Brasília, Recife e Maceió. São Paulo recebeu três dias de apresentações, sendo a última, em 5 de abril de 1998, a fonte para o material do projeto Relicário. Conhecido por seu perfeccionismo, na época João fez apenas quatro pedidos para a realização do show: um banco para piano, um tapete persa, uma mesa para violão e a acústica perfeita — esse último item foi colocado à prova durante a apresentação, mas o bom-humor do músico e a qualidade da gravação confirmaram o sucesso do novo espaço para apresentações.

O álbum João Gilberto (ao vivo no Sesc 1998) é fruto do trabalho de curadoria e gerenciamento do vasto acervo do Sesc São Paulo. O pontapé inicial para transformar o registro do show em álbum foi em 2018, quando se iniciaram as movimentações no setor de Acervo Audiovisual do Sesc para o resgate da gravação original do show realizada em fita DAT. A fita localizada no acervo do estúdio da unidade Vila Mariana passou então por um processo de remasterização. O primeiro título de Relicário ainda ganhou uma parceria especial: Bebel Gilberto, filha do intérprete, assumiu a supervisão artística do material.

Como costumava fazer em seus shows, João Gilberto mesclou sambas antigos e clássicos da bossa nova nas quase duas horas de apresentação. O destaque da gravação está na música inédita Rei sem coroa que, apesar de compor o repertório de alguns shows, nunca foi registrada em estúdio ou gravada oficialmente pelo artista, reforçando a importância do resgate histórico promovido pelo Sesc São Paulo. A canção é uma parceria dos compositores Herivelto Martins e Waldemar Ressurreição, inspirada na história do rei Carlos II, da Romênia, que virou residente do Copacabana Palace após ser forçado a abdicar de seu trono durante a Segunda Guerra, em 1940.

O Pato, Wave, Carinhoso e Eu Sei que vou te amar são alguns dos clássicos da MPB que compõem o repertório de 36 faixas, que traz músicas de compositores como Ary Barroso, Tom Jobim e Dorival Caymmi, além de Wilson Baptista e Herivelto Martins. A faixa instrumental Um abraço no Bonfá, uma homenagem ao violonista Luiz Bonfá (1922 — 2001), é a única música de autoria própria de João Gilberto interpretada na apresentação no Sesc Vila Mariana.

O compositor e letrista Carlos Rennó, que esteve presente no show de 1998, destaca como João Gilberto vai muito além da interpretação. “É interessante observar os cortes e as trocas de palavras que ele aplica às letras originais, pondo em prática um projeto de dissecação, contenção e economia, que cria espaços e retira excessos, além de acrescentar lances musicais, intervindo assim nas composições (alheias), das quais se torna, de certa forma, coautor”, observa.

Essa visão de Rennó sobre a importância deste lançamento, além das transcrições das letras com as alterações feitas por João Gilberto detalhadas, faz parte dos materiais que compõem o Relicário e serão disponibilizadas no site do projeto e no encarte do CD.

ARTE DA CAPA

Para o lançamento de Relicário: João Gilberto (ao vivo no Sesc 1998), o Sesc São Paulo convidou Speto, importante nome da arte urbana, a fazer uma versão do grafite realizado por ele em homenagem ao cantor para estampar a capa do álbum. A pintura original foi realizada em 2020 na fachada de um edifício na Avenida Senador Queirós, próximo ao Mercado Municipal, em São Paulo.

Speto relata que a imagem foi desenvolvida usando o mínimo de traços possível, em referência ao minimalismo da bossa nova e, sobretudo, de João Gilberto. O grafite apresenta o artista sentado, abafando seu violão, como se estivesse silenciando o instrumento ao final de uma música, em alusão ao fim de um ato.

 

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