Sempre atual: como aplicar o cinza no décor de interiores

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Neste projeto da BMA Studio, a sala de jantar migrou para a varanda. A mesa de jantar mostra mais uma possibilidade do cimento queimado: o material está na base e tampo do móvel, e também no bandô de madeira da cortina | Projeto BMA Studio | Foto: Guilherme Pucci

Se em algumas situações o cinza já soou como uma cor apagada e sem graça, a mesma conceituação não se aplica para a arquitetura de interiores. Seja nos projetos residenciais, como também nos corporativos, o cinza alçou a posição de tendência para fixar sua presença permanente, e de uma vez por todas, como opção moderna e atemporal para a aplicação em diferentes estilos decorativos.

Considerada como uma cor neutra, o cinza se enquadra muitíssimo bem em propostas mais sofisticadas, combinando com tonalidades mais quentes, como também abre frente para a realização de ambientes despojados, porém sem excessos. “Além de expressar uma frequência mais clean, o cinza simplifica as possibilidades de planejamento”, afirma o arquiteto Bruno Moraes, à frente do BMA StudioEspecialista e entusiasta da paleta, ele revela que, em doses coerentes, o cinza contribui para promover o aconchego dentro de ambientes frios ou mais claros.

No quesito praticidade, ele atribui outra significativa vantagem: ‘esconder’ a sujeira. “Ele não deixa as indicações tão aparentes e, para quem tem pets que soltam muito pêlo, é uma perfeita opção para auxiliar a necessidade de manutenção”, argumenta. Junto com esses atributos já relacionados, os tons de cinza trazem estabilidade para a rotina diária e podem, segundo o Feng Shui, auxiliar em relações pessoais. Acompanhe as dicas:

O que a cor cinza pode expressar na composição de um projeto?

Na escala cromática, o cinza se encaixa em uma disposição intermediária entre o branco e o preto. Apesar de não ser uma das escolhas mais populares, transfere para o ambiente sutileza, versatilidade e elegância. Segundo o arquiteto Bruno Moraes, as tonalidades podem contribuir de várias formas para o projeto de interiores – seja com uma essência positiva ou negativa.

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Na proposta de um dormitório jovem, o arquiteto Bruno Moraes investiu no efeito cinza queimado para a parede da cabeceira, onde executou um mobiliário com nichos de serralheria e madeira. A sintonia ficou harmoniosa com o amadeirado do piso e o tijolinho na parede ao lado da cama | Projeto BMA Studio | Foto: Guilherme Pucci

“O cinza entrega sensações aconchegantes quando utilizado em lugares claros. Por outro lado, quando aplicado demasiadamente em tons mais escuros, pode transformar o décor em uma atmosfera mais reclusa”, analisa Bruno. Para ele, assim como o branco representa a paz no ocidente e morte no oriente, o cinza manifesta uma dualidade interessante e que precisa de cuidado e atenção. Dependendo da proporção aplicada em um ambiente e à questão cultural do morador, a cor transmitirá frequências diferentes.

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Nesse dormitório realizado pelo arquiteto Bruno Moraes, a aplicação do cinza foi a base para evidenciar o amor pelo time de coração do morador | Projeto BMA Studio | Foto: Guilherme Pucci

E as melhores combinações?

O cinza tem a facilidade de determinar composições muito criativas. De acordo com o arquiteto, a tonalidade conversa muito bem com o preto e gradientes de amadeirados. O próprio branco – muitas vezes compreendido como ausência de cor –, quando combinado com nuances mais claros de cinza, abre um efeito interessante. “Gosto muito de lançar mão do cinza bem clarinho em paredes com forro de gesso e rodapés brancos”, acrescenta.

Nos projetos assinados pelo arquiteto, o cinza também entra em cena como uma cor secundária, sempre com o intuito de valorizar os outros tons e objetos de decoração. “Mas é claro que essa decisão vai depender de qual é a cor protagonista e a quantidade em que ela aparece no ambiente”, complementa.

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Na sala de jantar, a mesa cinza se destaca por seu formato oval e dialoga com os demais elementos que acompanham a paleta. No contraponto, o terroso é evidenciado nas cadeiras e o no brick de tijolinho adotado na parede pelo arquiteto Bruno Moraes | Projeto BMA Studio | Foto: Guilherme Pucci

Em quais estilos de decoração podemos incluir o cinza? 

O cinza marca presença em todos os estilos decorativos, entretanto, no industrial ele é hors concours. “A cor é presença certa em lajes aparentes, vigas e pilares em concreto armado, além do piso em cimento”, relata Bruno. Um dos benefícios do cinza, como já citamos aqui, é a sua neutralidade e simplicidade para conciliar com outros elementos. No passado, a cor estava fortemente atrelada aos estilos arquitetônicos que usavam e abusavam do concreto, como o Modernismo e o Brutalismo. Todavia, levando em consideração que algumas modas sempre voltam e se renovam, hoje consideramos o cinza como uma cor de equilíbrio nos ambientes.

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 Apostar em cabeceiras cinzas pode ser uma boa ideia quando se tem elementos amadeirados na composição dos móveis, segundo o arquiteto Bruno Moraes| Projeto BMA Studio | Foto: Guilherme Pucci

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Também no décor infantil: no quartinho com inspiração montessoriana, o arquiteto Bruno Moraes elegeu o cinza clarinho para a meia parede e a poltrona de amamentação. Por ser um tom mais “contido”, não se destaca muito do contexto, dando protagonismo à atmosfera pueril do ambiente| Projeto BMA Studio | Foto: Luis Gomes

Essa é uma cor predominantemente masculina ou feminina?

Segundo o arquiteto, essa tonalidade é predominante em ambientes masculinos, mas é facilmente adaptada para um viés de décor feminino. “O cinza se compatibiliza acertadamente com rosa, lilás ou a lavanda”, orienta. Mas se a proposta for ousar, é super viável a sintonia com o neon, resultando em um ambiente mais vivo e contemporâneo.

Como o cinza contribui para a leveza de um ambiente?

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Nessa cozinha com ilha central, as escalas de cinza se sintonizam com o quartzo branco da bancada projetada pelo arquiteto Bruno Moraes| Projeto BMA Studio | Foto: Luis Gomes

A resposta é: de inúmeras formas! As tonalidades mais claras são mais empregadas quando a proposta do ambiente foi a de exteriorizar a leveza. É claro que, com tons mais escuros é necessário cuidado: a recomendação é que eles apareçam pouco e sejam combinados com tons mais claros, criando um perfeito equilíbrio entre eles.  “Sempre recomendo trabalhar com a técnica de ter tonalidades próximas, como um ‘tom sobre tom’, gerando contraste entre mais claros e escuros. Dependendo da proposta, quando queremos criar ambientes mais sóbrios, predominamos a cor. Em contrapartida, em ambientes mais vivos, preciso entrar com outra cor como destaque e deixar o cinza como um pano de fundo”, acrescenta Bruno.

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Neste lavabo assinado pelo arquiteto Bruno Moraes, o apelo rústico do aço corten marca presença na bancada com cuba esculpida com porcelanato. No piso e parede, a predominância do revestimento que remete ao efeito de cimento queimado | Projeto: BMA Studio | Foto: Guilherme Pucci 

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