segunda-feira, 29 abril, 2024
segunda-feira, 29 abril, 2024

Vito Israel conta os desafios de ser um influenciador digital amazonense

Em

Publicitário, amazonense e gay. Victor Israel, mais conhecido como Vito, é um dos influenciadores com maior visibilidade na região norte do país. Há seis anos cria conteúdo, abordando temas da região amazônica, mostrando a cultura, riqueza e os sabores amazônicos. O influenciador é criador do projeto “Respira Amazonas”, que buscou oxigênio e mantimentos para o estado do Amazonas durante a segunda onda do Covid, em janeiro de 2021.

Filho do grande músico e compositor Paulo Onça, referência nos sambas de carnaval, Vito sempre viu no pai uma fonte de inspiração. Onça levou o título de campeão do carnaval dos anos 90, pela Escola de Samba Vitória Régia, com o enredo ‘Nem Verde e Nem Rosa’. Outro título veio na comemoração dos 100 anos de samba no Brasil, com a canção “Ivete do Rio ao Rio”, em homenagem à Ivete Sangalo na Grande Rio, escrita por ele e seu parceiro Alan.

Vito começou sua jornada na internet com o blog “É de Comer”. “Criei uma conta no Instagram, tipo blog, algo que era muito escasso naquela época. Minha intenção era catalogar os lugares que eu gostava de comer e compartilhar com as pessoas. Amava descobrir negócios que estavam iniciando e fomentar o sonho daquele novo empreendedor. Fazia da forma que eu podia: divulgando para os meus, até então, poucos seguidores, consumindo e incentivando minha comunidade a fazer o mesmo”, comenta Vito.

Hoje o influenciador soma mais de 170 mil seguidores na internet, mas a sua jornada para alcançar esse número não foi nada fácil. “A caminhada segue muito dura para a construção de uma base de seguidores sólida e engajada. Eu morei em São Paulo, tinha uma carreira consolidada, porém não me enxergava pertencente àquele lugar, foi então que eu virei a chave e percebi o quanto nós, da região do Amazonas, somos invisíveis para o restante do Brasil. Para além da floresta amazônica existe um povo, que merece ter sua cultura celebrada e enaltecida”, afirma Vitor Israel, criador do projeto Respira Amazônia.

Respira Amazônia

Em 14 de janeiro de 2021, na segunda onda de Covid-19, Manaus enfrentou o colapso do sistema de saúde por conta da falta de oxigênio nos hospitais. Por dias as unidades de saúde ficaram sem suprimento diante de uma superlotação. A falta de oxigênio causou diversas mortes. Na corrida por salvar pacientes internados, Vito criou o movimento Respira Amazonas. O projeto contou com o apoio da população local, do Brasil e principalmente de artistas nacionais como Thelminha, campeã do Big Brother Brasil 20, da cantora Maria Gadú, além de outros artistas que fizeram campanha para ajudar a salvar vidas.

O movimento Respira Amazonas conseguiu cerca de 746 cilindros, 270 doados para os municípios do interior e hospitais e 476 para o home care em Manaus. O banco de dados de pessoas necessitadas de oxigênio para tratamento em casa chegou a mais de 2 mil pessoas. Foram doadas 28.000 unidades de EPIs, entre máscaras N95, aventais, toucas, pró pé e outros. Foram mais de 500 oxímetros, 30 unidades de resuscitadores manuais, 500 unidades de respiron e 500 unidades de termômetros, a maioria destinados aos municípios menores, por meio da FAS (Fundação Amazonas Sustentável).

O projeto Respira Amazonas continua de pé, agora com foco em garantir alimento para muitas famílias. Já foram doados mais de 1.000 unidades de cestas básicas em Manaus e nas comunidades ribeirinhas, assim como uma tonelada de pescado para comunidade indígena no Tarumã, Parque das Tribos, o primeiro bairro indígena do Brasil.

Pensando em unir forças com outra nortista, Vito e Dina Carmona, influenciadora de Belém do Pará, agora estão juntos no podcast Papo no Tucupi, um programa para dar protagonismo ao povo da Amazônia.

As entrevistas promovidas pela dupla Dina e Vito entram semanalmente no canal do Youtube, em audiovisual e em podcast em todas as plataformas de streaming de áudio.

Em uma celebração às vozes da região, na primeira temporada do programa a dupla chama para a conversa personalidades como Vanda Witoto, liderança do povo Witoto e coordenadora do movimento dos Estudantes Indígenas do Estado do Amazonas. De hábitos herdados como dormir em redes ao questionamento das atuais políticas genocidas, Vanda convoca a nova geração a percorrer um caminho de volta às origens. “As pessoas, às vezes, têm vergonha da ancestralidade indígena, mas enaltece o sangue europeu nas veias, quando na verdade essa origem é colonizadora, fruto do estupro histórico de mulheres no Brasil”, questiona. “Para construir nosso futuro é necessário reconhecer e honrar nossas raízes e, quem nasceu nesse território, tem história indígena”, completa.

Compartilhar
Tags

Mais lidas

Recentes

Veja Mais

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.