terça-feira, 14 maio, 2024
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 A importância da conscientização sobre a Doença de Parkinson

Em

por Dra. Maira Tonidandel Barbosa

A doença de Parkinson (DP) é um transtorno neurológico degenerativo progressivo que afeta a saúde física, mental e a qualidade de vida das pessoas acometidas, e compromete a estrutura socioeconômica familiar. O conceito de DP idiopática como uma entidade única tem sido alterado com a identificação de vários subtipos clínicos, genes patogênicos e possíveis agentes ambientais causadores.
Além dos sintomas motores clássicos, as manifestações não-motoras (como o transtorno comportamental do sono REM, anosmia, constipação intestinal e depressão) aparecem já no estágio prodrômico (fase que precede o aparecimento de sintomas de uma dada doença, na qual a maioria dos sinais clínicos são inespecíficos), pré-motor e evoluem, juntamente com comprometimento cognitivo e disautonomia, conforme a doença progride, geralmente dominando os estágios avançados da doença.
A incidência e a prevalência de DP aumentam com o avançar da idade. A prevalência média em estudos é de 1,5% para adultos acima de 50 anos. A incidência aumenta de 5 a 10 vezes da sexta à nona décadas de vida. Apesar do grande avanço de novos conhecimentos sobre a DP, sua causa permanece desconhecida e isto leva ao desafio do estudo da sua fisiopatologia em associação ao processo de envelhecimento humano.
Os sinais cardinais da DP são rigidez, tremor de repouso e bradicinesia, característica mais comum dessa doença no idoso, e que constitui o sinal obrigatório para o diagnóstico da síndrome. Traduz-se pela dificuldade de iniciar o movimento voluntário ou automático. Dependendo da parte do corpo acometida, teremos uma série de sinais e sintomas relacionados: fácies inexpressivas, fala hipofônica – voz baixa e rouca – não balançar o(s) membro(s) superior(es) ao caminhar, arrastar o(s) pé(s) ao caminhar, sensação de acúmulo de saliva na cavidade oral, aumento do tempo para realizar as refeições e tarefas ou atividades de vida diária.
O tremor de repouso ainda é o primeiro sintoma reconhecido em indivíduos acometidos pela DP, por eles mesmos, por seus familiares e pelos médicos assistentes. No entanto, até 30% dos portadores de DP não têm tremor: isto favorece o não diagnóstico, principalmente nos muito idosos, e em pacientes com as formas não tremulantes, de predomínio rígido-acinético, nos quais o tremor pode ser muito discreto ou estar ausente. Geralmente é assimétrico, acometendo um ou mais membros. O tremor tende a piorar com o estresse, com a evolução da doença, e desaparece durante o sono.
A instabilidade postural é decorrente das alterações dos reflexos posturais, ocasionando maior número de quedas e podendo, com a evolução da doença, não permitir que o idoso possa levantar-se ou manter-se de pé sem assistência. O bloqueio motor associado à perda dos reflexos posturais é responsável pela alta prevalência de quedas e maior incidência de fratura de quadril nas pessoas idosas com a doença em fases mais avançadas.
A DP é uma doença neurodegenerativa progressiva e de longa duração. O seu diagnóstico pode não ser fácil em idosos, pois várias doenças neurodegenerativas e não neurodegenerativas cursam com Parkinsonismo. A eficácia diagnóstica está diretamente relacionada à história clínica detalhada, ao exame físico e à identificação dos sinais cardinais motores, além de outros fatores/critérios de apoio/suporte ao diagnóstico. Os exames laboratoriais e a neuroimagem (tomografia computadorizada ou, preferencialmente, a ressonância magnética do crânio) são úteis para afastar outras doenças.
Não há, até a presente data, tratamento medicamentoso ou cirúrgico que seja curativo, neuroprotetor ou que previna a progressão da doença. O tratamento da DP visa o controle dos sintomas, deve ser individualizado, e pode envolver a necessidade de uma equipe multidisciplinar de acordo com as manifestações e prioridades para cada fase da doença. O objetivo é manter o paciente o maior tempo possível com autonomia, independência funcional e equilíbrio psicológico. A estratégia terapêutica deve ser iniciada no momento do diagnóstico; não existem atualmente terapêuticas capazes de diminuir ou interromper o processo neurodegenerativo (modificadoras do curso da doença), nem de substituir os neurônios perdidos (neurorrestauradoras).
O tratamento não farmacológico é fundamental: exercícios físicos, fisioterapia e terapia fonoaudiológica contribuem com a melhora de sintomas, da qualidade de vida e melhoram o prognóstico. Manter os familiares, cuidadores e pacientes informados sobre a evolução da doença e as formas de tratamentos não farmacológicos e farmacológicos permite uma atitude positiva; há vários grupos de apoio, ‘sites’ da internet e associações para pacientes e familiares/cuidadores de pessoas com DP que auxiliam nessa tarefa.

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