Proprietária do buffet Le Lieu, em Manaus, a empresária Sídia Goes construiu sua carreira ao longo dos últimos anos realizando as maiores e mais importantes festas e eventos da cidade. O início de sua jornada de sucesso, contudo, foi ‘discreto’, aos 18 anos, com uma doceria chamada Chantilly, na Avenida Djalma Batista.
De acordo com ela, tudo começou, na verdade, por conta de um trato feito com a mãe. “Combinei com ela que se eu passasse para direito na Ufam, ela ia me ajudar a montar uma lanchonete para mim. Que foi o que aconteceu. Passei para direito na Ufam e administração no Ciesa, e daí montamos a Chantilly”, contou Sídia.
O sonho de seguir com a lanchonete, entretanto, teve de esperar. “Na mesma época eu casei, assumi um concurso público e, como eu não conseguia cuidar de tudo isso e mais duas faculdades, acabei tendo que fechar a Chantilly”, relembra a empresária.
Anos depois
Foi somente anos mais tarde que Sídia, por influência da irmã Selma Reis, hoje chef e proprietária do Zefinha Bistrô, voltou a trabalhar com comida. Juntas, elas decidiram fazer ceias de Natal por encomenda para ganhar um dinheiro extra.
“Eu sempre tive meu emprego fixo, mas como era até duas hora da tarde, eu tinha o resto do dia livre. Como sempre foi muito hiperativa, aceitei a proposta da minha irmã. Fizemos as ceias e só sei que deu muito certo. Foi um sucesso e, com o passar do tempo, uma coisa levou à outra. Daí vieram os eventos, minha irmã criou seu próprio restaurante e eu criei o Le Lieu. Foi assim que descobri essa minha grande paixão”, revelou Sídia.
Empresa em expansão
Segundo a empresária, outro fator que contribuiu para o crescimento do Le Lieu e do consequente renome que o buffet atraiu para si, foram as licitações para servir a sede do Governo do Amazonas.
“Há uns doze anos, o Governo recebia muitas pessoas de fora aqui em Manaus e era preciso ter um serviço especializado, com material de primeira, garçons treinados e fluentes em inglês, enfim, todo um aparato para poder atender pessoas que iam desde grandes investidores, donos de bancos internacionais, até reis, rainhas e embaixadores. E o Le Lieu se especializou nisso”, comentou a empresária.
Com tanto anos de experiência, tendo servido as pessoas mais ilustres que já passaram pelo nosso Estado, é natural que Sídia tenha algumas histórias para contar. Confira na entrevista exclusiva a seguir um pouco desses relatos, além das impressões dela a respeito da pandemia:
- Qual foi o evento mais desafiador que você já realizou?
Foi o aniversário de 50 anos do empresário Lirio Parisotto, na época dono da rede Videolar. Foi um mega evento, vieram aviões com os amigos dele do exterior e a festa foi extremamente bem organizada. Sendo que no mesmo dia tínhamos dois shows para participar, da Ivete Sangalo, no Tropical Hotel, e do Roberto Carlos, no Teatro Amazonas. Mas o evento do Parisotto foi muito mais desafiador. Além do aniversário no dia, acompanhamos ele e os amigos dele por passeios na cidade durante uma semana. Então, por exemplo, tínhamos buffet em lancha, em balsa, na mata, no teatro, etc. Foi um período de muito aprendizado.
- Teve algum outro que te marcou muito por algum motivo específico?
Outro evento a ser citado seria a vinda do Príncipe Charles com a Camilla Parker Bowles ao Amazonas. Foi um um evento que se preparou durante oito meses. Para se ter uma ideia, nós tínhamos que mandar pro Palácio de Buckingham aprovar todos os detalhes, desde o tamanho das mesas, o tipo de toalha, os cardápios, tudo. Lembro, inclusive, que achei que estava me saindo muito bem ao mandar a ideia de uma salada com palmito e pupunha, e veio a resposta do Palácio dizendo que o príncipe não se alimentava com absolutamente nada que fosse proveniente de palmeira porque ele achava uma agressão à floresta. Mas, no final, apesar das peculiaridades na execução, foi tudo muito interessante e aprendemos muito.
- Como tem sido essa questão de realizar eventos em tempos de pandemia?
Estamos vivendo uma redução em todos os sentidos, mas mesmo as festas sendo menores e mais íntimas, as pessoas, de modo geral, ainda querem coisas de ótima qualidade. Isso refletiu no modo como nos comportamos em relação ao que valorizamos. A família agora vem em primeiro lugar. As datas marcantes ficaram mais importantes. Passamos a valorizar muito mais o hoje, em viver o presente. Eu acho que esse é um dos grandes aprendizados dessa pandemia.
- Como você conseguiu se renovar diante das mudanças de mercado?
Por conta de toda essa situação, desse cenário, isso criamos a Deli, que é uma delicatéssen online. Fazemos entregas de pedidos, com porções menores para até dez pessoas, e em recipientes descartáveis que é para não ter manuseio de ida e volta da louça.