domingo, 12 maio, 2024
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Esclerose Lateral Amiotrófica: Demora no diagnóstico pode prejudicar tratamento

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A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é uma doença que afeta o sistema nervoso de forma degenerativa, progressiva e acarreta em paralisia motora irreversível. Seus portadores sofrem paralisia gradual e morte precoce como resultado da perda de capacidades cruciais, como falar, movimentar, engolir e até mesmo respirar. Outro detalhe importante é que não há cura para a enfermidade.

Com o tempo, os pacientes perdem progressivamente a capacidade funcional e de cuidar de si mesmos. O óbito, em geral, ocorre entre três e cinco anos após o diagnóstico. Além disso, cerca de 25% dos pacientes sobrevivem por mais de cinco anos depois do diagnóstico.

Porém, um dos grandes problemas a respeito dessa enfermidade é a dificuldade de diagnóstico. Na falta de um teste específico para isso, ela é descoberta em torno de 9 a 12 meses após o início dos sintomas. E essa demora pode comprometer de forma determinante o controle da doença e a qualidade de vida do paciente, lamenta o PhD, neurocientista, psicanalista e biólogo Prof. Dr. Fabiano de Abreu. “Nesse caso, há uma necessidade urgente de biomarcadores confiáveis e robustos para acelerar o diagnóstico da doença e permitir que se estude os efeitos do tratamento em estudos clínicos”. Ele acrescenta que “a doença causa danos aos neurônios motores e ao sistema motor, tanto que estudos já comprovam que 95% deste volume celular total é captado pelo axônio, cuja estrutura e função dependem de um citoesqueleto intacto ou estrutura celular”.

Fabiano explica que a lesão dos axônios acontece ainda antes do aparecimento dos sintomas. “E isso causa uma liberação de neurofilamentos no espaço extracelular e, em seguida, no líquido cefalorraquidiano (LCR) e no sangue. O que quer dizer? Que quando os sintomas começam a vir à tona no paciente, muitos de seus neurônios motores já foram danificados e morreram. Também é fundamental considerar que um dos critérios diagnósticos para a enfermidade é visualizar a lesão no nervo resultante da degeneração do axônio. Soma-se a isso que a ELA vem acompanhada por uma concentração extremamente alta de neurofilamentos no LCR”, detalha o neurocientista.

O ideal nestes casos, recomenda Abreu, é que a presença de um biomarcador da ELA que possa detectar os sintomas iniciais de neurodegeneração no estágio pré-sintomático. “O que permitiria ajudar bastante quando se fala de um tratamento precoce, ainda que os critérios usados atualmente não permitam que isso aconteça”. Ele também frisa: “Os pacientes com ELA, em comparação com indivíduos saudáveis e de controle da doença, possuem os níveis mais elevados tanto de neurofilamentos de cadeia leve quanto de neurofilamentos fosforilados de cadeia pesada em seu soro e, em uma extensão significativamente maior, em seu LCR. O que leva a crer que os neurofilamentos logo entrarão em uso clínico como um biomarcador diagnóstico”, detalha.

Diante deste cenário, Fabiano explica: “A presença de biomarcadores confiáveis e robustos são urgentemente necessários para acelerar o diagnóstico e permitir o monitoramento objetivo da progressão da doença e dos efeitos do tratamento do paciente’. E há também um detalhe científico essencial para essa mudança nos estudos: “É fato que a degeneração axonal grave, que caracteriza a ELA, é acompanhada por uma concentração extremamente alta de neurofilamentos no LCR e no soro dos pacientes. Já os  neurofilamentos de cadeia leve e os neurofilamentos fosforilados de cadeia pesada demonstraram ser promissores como potenciais biomarcadores diagnósticos e prognósticos para a doença. Mas ainda há muito trabalho a ser feito, em especial para estabelecer que os neurofilamentos são um biomarcador de referência para uso em estudos clínicos de novas terapias para ELA”, completa.

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