Acostumada a ser julgada pela aparência, assim como a maioria das mulheres, a publicitária carioca de 27 anos, Gabriella Camello, revela, em um primeiro momento uma imagem tida como sinônimo de padrão de beleza, a mulher magra e loira. Porém, o que não se vê em primeiro plano, é o que realmente a identifica como indivíduo: sua jornada de autoconhecimento que a levou dos 125 kg aos 65kg, quebrando paradigmas em uma sociedade que rotula corpos sejam magros ou gordos.

Após anos se escondendo dentro de suas próprias roupas e em seus sentimentos e desejos, em 2015, Gabriella inicia sua jornada de emagrecimento buscando saúde e tratando compulsões que vão além da comida. “Estar saudável é estar em sintonia com você mesma, e respeitar seu próprio corpo e suas vontades,” revela. Após atingir seu objetivo em números na balança, Gabi se surpreendeu com um fato: A tão sonhada liberdade corporal não se traduz em quilos a menos. “Percebi que mesmo estando magra, ainda era julgada por ter excesso de pele, celulites e estrias. Ou então por não atender a um padrão específico que esteja em alta no momento.”, atesta.

A partir desse momento, Gabriella vem se dedicando a normalizar o corpo feminino em suas redes sociais, seja ele com marcas, grande, pequeno, magro ou gordo. Através de sua própria vulnerabilidade, Gabi Camello ajuda mulheres a reconhecerem seus reais desejos e também a alcançarem sua autoestima independente dos padrões da sociedade.

A influencer produz conteúdo diário sobre assuntos como comportamento, dismorfia corporal, sexo, autoestima, vida fitness, espiritualidade e saúde, instigando suas seguidoras a encontrarem sua melhor versão. “O que significa isso? Será que essa versão que a sociedade diz é realmente a melhor, ou inventaram para você essa realidade?” Essa é uma das provocações que Gabi faz em suas redes. “Depois de tanto me questionar e sofrer, percebi que a minha melhor versão é viver livre dentro do meu próprio corpo. E a liberdade é cativante, alegre e divertida! Uma pessoa que vive em busca de um padrão definitivamente não é livre. Eu busquei esse padrão mesmo após emagrecer 60kg. Emagrecimento não é sinônimo de felicidade.”, diz Gabi.

Além da rede social

Com o crescimento exponencial de suas redes sociais, Gabriella pode perceber que sua jornada em busca do corpo ideal atravessara tantas mulheres em diferentes aspectos, que ela decidiu reunir em um livro o que posts e stories não eram capazes de contar. “Eu precisava falar, colocar para fora o que hoje pra mim é revolucionário. Não é todo dia que encontramos por aí uma mulher satisfeita com seu próprio corpo. Uma mulher que expõe as suas vulnerabilidades e que tem um profundo carinho com o seu corpo. Se fala muito sobre autocuidado relacionado à skincare e maquiagem. Mas autocuidado é principalmente você se amar quando se está achando a mulher mais feia desse mundo.”, explica.

Além de contar sua própria história, Gabi busca ensinar por meio de atitudes práticas, a mulher a começar a amar seu próprio corpo. “Muito se diz sobre autoaceitação, mas como praticar isso se a indústria e a mídia de incitam ao contrário? Se a mulher não se sente representada na publicidade e na televisão, se lhe é ofertado o tempo inteiro produtos para acabar com celulite ou eliminar as estrias, como lidar com isso?”. Provoca.

Vestindo autoconfiança 

Buscando trazer para a mulher a autoconfiança que tanto lhe faltara no passado, Gabi Camello lança a Bem me Quero GC, uma marca que traduz com estilo, cor, alegria e sensualidade, o que Gabi acredita e deseja dividir com suas seguidoras. A marca é um e-commerce voltado para o autocuidado, em sua maioria biquinis para todos os tipos de corpos. Autênticos, confortáveis e estilosos, a grade de tamanhos da marca não obedece a nomenclatura comum do P ao GG. Buscando quebrar mais esse padrão, a grade de tamanhos tem nomes motivacionais como ‘Deusa, Gata Garota, Gostosa e Grande Gostosa’. “Tudo é pensado para promover o autocuidado, apontando você como o próprio amor da sua vida.”, define Gabi.

“Eu achava que emagrecimento era a solução da minha vida. Era sinônimo de felicidade. Mas a minha maior dificuldade foi perceber que o amor-próprio é a chave de todos os nossos problemas. E isso levou tempo, muita terapia, muito choro e profundo processo de autoconhecimento.” – Gabriela Camello