Mindful eating pode ajudar a ter uma alimentação balanceada

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O Dia da Gula, um dos sete pecados capitais, tem um dia para chamar de seu: 26 de janeiro. Nada mais justo do que falar de equilíbrio na alimentação, coisa que não precisa ser um tabu. Exemplo disso é o mindful eating, atenção plena na alimentação, que permite escolhas e experiências alimentares mais conscientes, fundamental para a promoção da saúde. “É possível mudar sua relação consigo mesmo e com a sua alimentação, tornando-a mais saudável e prazerosa”, aponta Luiza Bittencourt, instrutora de Mindful Eating pelo Protocolo Eat For Life.

Ao praticar, você para de se alimentar no piloto automático e se torna livre para decidir o que comer. O objetivo é ter uma relação mais saudável com a comida, de uma forma mais tranquila e satisfatória. Temos nove fomes que são despertadas a partir de certos gatilhos, são elas: fome de ouvido, do tato, a celular, dos olhos, do nariz, do estômago, da boca, da mente e do coração. Cada uma tem relação com o que está a em volta e/ou também com o que sentimos, além do que se passa na mente. Luiza diz que não há mal em usar a comida para alterar um estado de ânimo, é a quantidade consumida que fará a diferença.

“Cuidado para não ‘comer’ suas emoções e criar um novo problema (culpa por ter comido). Quando uma emoção difícil surgir , pare e respire algumas vezes, observe as emoções com compaixão e bondade, e então siga. Ao fazer isso, você parou o comportamento automático de buscar comida por conforto e tem a oportunidade de tentar algo novo”, ensina Luiza. Uma pessoa que come conscientemente reconhece que não existe uma maneira certa ou errada de comer, mas sim uma variedade de atenções ao redor da experiência da alimentação. Assim, aceita que suas experiências alimentares são únicas.

“É preciso reconhecer os alimentos sem julgamentos e ouvir o corpo, prestando atenção no que o corpo está pedindo para escolher alimentos satisfatórios e nutritivos. É sobre tornar-se atento à fome física e aos sinais de saciedade para guiar suas decisões para começar e parar de comer”, destaca a especialista. Abaixo, estão as nove fomes e como reagir a cada uma delas da melhor forma possível.

1. Fome de Ouvido

Pacote abrindo, pipoca estourando, o som de alguém comendo. Perceba os sons de cada alimento e note quais sons te atraem, observando como isso influencia nas suas escolhas. O que satisfaz essa fome? Sons de natureza, ouvir música e conversar com quem você gosta podem ser opções. Uma dica mindful aqui é refletir se existe algum alimento que você come por puro prazer de ouvir o barulho ao mastigar, e perceber a quantidade que você consome desse alimento.

2. Fome do Tato

A primeira exploração é feita com as mãos, como uma criança aprendendo a comer. Sentimos a temperatura, a consistência do alimento. Percebemos se a fruta está madura e notamos que algumas comidas são mais gostosas se comemos com as mãos (petiscos, pizza, sanduíches, etc.).Toque, manuseie a comida e perceba quais toques te atraem e quais causam aversão. O que satisfaz essa fome? Cozinhar é uma boa opção. Uma dica mindful aqui é perceber se algo muda quando você come um sanduíche (ou outro alimento que goste de comer com as mãos) usando garfo e faca.

3. Fome Celular

Comer o que o corpo está de fato pedindo, o que ele precisa. Quando não damos atenção a essa fome, podemos sentir cansaço, dores de cabeça, tontura e irritação. Perceba os sinais de fome no corpo, o que ele está dizendo e respeite essa sabedoria interna, pense no que te faz bem. Exemplo: se estou com azia, devo tomar café depois do almoço? Se estou com dor de cabeça, o que posso comer para ajudar?.O que satisfaz essa fome? Essa fome se satisfaz de nutrientes, elementos essenciais para o organismo (existem uma variedade de alimentos do tipo). Dica mindful: Aprenda a ouvir seu corpo.

4. Fome dos olhos

A visão tem uma enorme influência no que comemos. Mesmo já satisfeitos, pedimos uma sobremesa se ela está nos chamando a atenção. Aqui, também somos muito influenciados pela TV e redes sociais. Esse tipo de fome é satisfeita pela beleza. Ou seja, você pode nutrir a fome dos olhos apreciando uma bela paisagem e a natureza, por exemplo. Você também pode preparar um prato visualmente bonito e arrumar a mesa. A dica mindful aqui é olhar bem a refeição/o alimento antes de consumi-lo.

5. Fome do nariz

Note aromas, cheiros e fragrâncias. Aromas agradáveis despertam essa fome, que possui conexão com memórias afetivas. Perceba quais aromas de alimentos te atraem. A fome do nariz é satisfeita com fragrâncias, chás, e até essências para o ambiente. Uma dica mindful é levar a comida perto do nariz antes de colocá-la na boca. Feche os olhos e perceba o cheiro, repare como seu corpo responde.

6. Fome do estômago

Quais são os sinais de fome e de saciedade? O tamanho do nosso estômago pode variar de 50 ML até 4L, e nos satisfazemos entre 1L/ 1,5L. Fazer o check in da sua fome: antes de comer, no meio da refeição e ao final, pode ajudar aqui. Como o cérebro leva 20 minutos para registrar a saciedade, é importante desacelerar um pouco na hora de comer. Essa fome é satisfeita pela quantidade certa de alimento consumido. Saciedade envolve sensação física, volume, fome do estômago, já a satisfação envolve emoção, contentamento, paz interior, fome do coração. Dica mindful: Repare nos sinais que o corpo dá ao longo do dia, assim como o estômago. O que acontece quando está realmente com fome?

7. Fome da boca

Observe texturas e sabores, perceba a salivação, a mastigação e os movimentos da língua. Muitas vezes repetimos o prato porque não sentimos o gosto do primeiro direito. Isso ocorre por estarmos sempre correndo ao comer e desatentos no momento das refeições. Essa fome é satisfeita pelas sensações. Se a fome da boca não é satisfeita, ela leva à compulsão. Uma dica mindful aqui é perceber que o nosso paladar também muda, então é importante estarmos sempre abertos a experimentar, dando novas chances aos alimentos.

8. Fome da mente

Essa fome é baseada em nossos pensamentos e no que ouvimos no dia a dia. Regras de dietas, “devo ou não devo?”, “é saudável?”, entre outras. Envolve o que acreditamos (“deveria comer menos carboidrato”, “preciso comer de 3 em 3 horas”) e também o merecimento (“hoje o dia foi difícil, mereço um doce.”). Quando praticamos mindfulness, vamos abandonando as crenças limitantes conforme a prática vai nos dando essa abertura, ensinando a lidar melhor com nossos pensamentos. O que satisfaz essa fome? A informação, investigar com curiosidade e abertura os pensamentos, por exemplo: Ao pensar que “não está dando conta”, responda que está dando conta sim, que isso é apenas um pensamento. É comum acharmos que não é o suficiente, mas está tudo bem. Dica mindful: note se os pensamentos ligados a comida fazem bem para você. Lembre-se sempre de que pensamentos são só pensamentos, e que não são seus inimigos. Não precisa brigar com eles, mas sim aprender a não comprar todas as suas ideias.

9. Fome do coração

O que você come para se confortar? Quais são as comidas que nutrem seu coração? Quais as emoções que estão envolvidas quando come (tristeza, ansiedade?). O comfort food não precisa ser apenas chocolate, pode ser um café, um chá quentinho, uma fatia de bolo comum, ou alguma comida da sua infância (que traz memórias afetivas). Aqui a satisfação está na conexão com tudo que fazemos na vida e a prática de mindfulness traz essa conexão. Verificar o que tem por trás da emoção envolvida, e saber o que você realmente está buscando é importante. Às vezes tomar um banho quente, receber uma massagem, conversar com um amigo ou até meditar podem satisfazer essa fome, mas você precisa estar presente no que está fazendo.

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