domingo, 28 abril, 2024
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Pesquisadora cria teclado digital com mais de 40 línguas indígenas

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Poder se comunicar em sua própria língua ou idioma deveria ser algo acessível a todos, mas com os povos indígenas, essa acessibilidade nem sempre existiu.

No dia a dia, um dos desafios para a comunidade indígena é se comunicar por celulares ou computadores, já que os teclados desses aparelhos não foram produzidos em linguagem indígena.

Sempre faltaram nesses teclados, físicos ou virtuais, caracteres especiais, como ʉ, ɨ, ñ, ç̀, g̃, além da combinação de sinais gráficos (`,´, ~, ^, ¨).

Doutora em Recursos Naturais da Universidade de Hokkaido, do Japão, e atual coordenadora do Programa de Pós-graduação em Ecologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Noêmia contou que a ideia surgiu a partir das dificuldades em produzir material didático em língua indígena.

“Comecei a procurar uma forma mais prática para os tradutores e escritores indígenas redigirem seus textos, mas não encontrava. Eu não me conformava, pois se no Japão eu usava teclados que conseguiam escrever em Kanjis (ideogramas), por que não em língua indígena?”.

Na parte de programação, a pesquisadora recebeu uma ajudinha dos adolescentes Juliano Dantas e Samuel Minev, que desenvolveram o teclado para Android e Windows.

“Com o Android, não tive muita dificuldade, já que eu já faço aplicativos para esse sistema há algum tempo. Já pro Windows, foi um pouquinho mais complicado com relação aos comandos de teclado, que não são muito comuns serem usados na programação básica de Windows, aí ele precisa de umas permissões mais avançadas. Foi um pouquinho mais difícil que no Android, mas no final, deu tudo certo”, afirma Juliano, estudante do 3º do Ensino Médio do Colégio Militar de Manaus.

O teclado digital para línguas indígenas está disponível via Android, IOS e Windows pelo próprio site do Linklado.

Formado em Enfermagem, Josmar Pinheiro, indígena que nasceu entre os Tuyuka do rio Tiquié, alto rio Negro faz bastante uso dessa inovação. Ele também atua como tradutor e escritor de textos de seu povo, e foi convidado por Noêmia para testar o teclado.

“Esse teclado veio no momento certo e é mais uma ferramenta de luta que temos em nossas mãos. Isso para nós tuyukas é um orgulho, pois agora podemos registrar com facilidade nossas tradições para que permaneçam vivas para futuras gerações e que não tenham tanta dificuldade como eu tive para realizar traduções e anotações em minha língua”, diz Josmar.

A criação desse teclado foi tão genial a ponto de ampliar a participação dos povos indígenas no meio digital, em seu idioma nativo. Uma ideia inovadora e que deve ser levada adiante para preservar a cultura indígena e ampliar as vozes dos povos indígenas.

 

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