sábado, 18 maio, 2024
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Transfobia no BBB: Eslô chama Linn de “ele” e Rodrigo usa termo “traveco”

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A primeira situação aconteceu durante o almoço. Linn pediu ajuda para pegar a pimenta e Eslovênia falou para outro brother entregar para “ele”. Rapidamente, a atriz, que tem o pronome feminino tatuado na testa, corrigiu a colega de confinamento: “É ela”, afirmou, com paciência. Sem graça, Eslovênia repercutiu o caso com Lucas assim que deixou a mesa.

Na madrugada desta sexta-feira (21), Rodrigo também teve uma fala transfóbica. Após Eliezer contar uma de suas experiências sexuais, o gerente comercial fez o seguinte comentário: “Eli, estou tentando dormir, mas tô lembrando do pinto do ‘traveco’ que você ficou com medo”. Vinícius estava no quarto e rapidamente o corrigiu: “Traveco, não”, disse o jovem. “Isso não foi legal”, completou Maria.

Mais tarde, em conversa com Viny, Pedro Scooby, Paulo André e Bárbara Heck, Rodrigo argumentou que não sabia a diferença entre “traveco” e “travesti”. “Na minha bolha, se fala desse jeito. Eu achava que traveco e travesti eram a mesma coisa”, justificou.

Vale aqui, uma explicação didática: ao contrário de orientação sexual (que diz respeito à atração e desejo sexual de uma pessoal), a identidade de gênero diz respeito à identificação daquela pessoa com o gênero que lhe foi atribuído no nascimento. Uma pessoa trans não se identifica com o corpo com o qual nasceu – por exemplo, alguém que nasceu com uma fisiologia atribuída ao sexo feminino, mas que, em níveis mais profundos de formação e construção do ser, se reconhece como homem. Em uma analogia bastante rasa e simplista, é como se essa pessoa tivesse nascido com o corpo “trocado”.

Trans ou travesti?

De acordo com a psicóloga especializada em sexualidade e co-fundadora do Instituto de Psicologia e Sexologia Essência Rara (IPSER), Priscila Junqueira, a definição aceita pela comunidade LGBTQIA+ sobre mulher trans é uma identidade feminina que está dentro da binariedade de gênero, ou seja, que se enquadra nas classificações homem e mulher.

Dentro da linha de identidade, é importante destacar que existem diferentes abordagens na comunidade LGBTQIA+. Mulheres trans podem se identificar como travestis ou não de acordo com a sua interpretação do termo. Isso significa que, para algumas, não há diferença entre as definições. Como é o caso da Fabiana, que traz um sentido diferente de Linn ao se declarar mulher trans e travesti.

Comentários geram revolta

Os casos de transfobia repercutiram nas redes. Erika Hilton, ativista dos direitos negros e trans, postou especificamente sobre o comportamento de Eslovênia. “A pessoa cis chama a travesti no masculino, a travesti corrige e diz ‘ela’ (já que ter escrito na testa não é suficiente). Pois a cis sai e vai repercutir sua transfobia com quem tem nada a ver. Assim se organiza os apoios nas estruturas”, publicou.

Quem também opinou sobre a situação foi Maíra Azevedo, ativista que costuma participar de debates no “Encontro”. Ela também observou o fato de Linn da Quebrada ter uma tatuagem na testa para não precisar passar por esse tipo de constrangimento.

“Nem mesmo tatuando na testa as pessoas enxergam a identidade de uma pessoa trans. Imagine, você precisar o tempo todo lembrar as outras pessoas quem você é e como espera que te tratem. Isso é exaustivo! Adoece e tira a paciência!”, iniciou.

Em outro trecho, Maíra chamou atenção para o fato de as pessoas sempre pedirem para serem corrigidas, mas não reagirem bem quando isso acontece.

“Vão se queixar pelos quatro cantos, que a gente não teve paciência, que falou aquilo no automático. E esse automático é o que aniquila. Porque a gente vai achando natural negar a identidade das outras pessoas. Quando a Eslo, sai comentando que chamou a Lina de ele, é na busca de uma fala que amenize seu ‘erro’ e que cobre de Linn mais paciência e compreensão de que nem todo mundo entende ‘essas coisas'”, completou.

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