Natural de Manaus, Wald Caldas é um jovem artista que tem recebido certo, e merecido, reconhecimento de grandes marcas internacionais. Com a sua arte surrealista, e com inspirações do mundo da moda, Wald recentemente chamou a atenção da marca Schiaparelli, cujo perfil no Instagram compartilhou uma pintura sua, resultando em mais de 44 mil curtidas na rede social. Quem também repostou a arte de Wald foi o perfil da revista Harper’s BAZAAR da Sérvia. 

Na entrevista a seguir, o artista, de 25 anos,  fala um pouco sobre sua relação com a arte, como se dá o seu processo criativo, quais são suas maiores influências e quais os projetos para o futuro. Emocionado com toda a repercussão que a arte proporcionou, Wald já adianta: “com esse reconhecimento acredito que comecei com o pé direito, e assim espero crescer mais e mais”.

Como teve início a sua relação com a arte?

Bom, a arte pra mim é tudo, é a forma como eu visualizo a realidade e também a maneira de fugir dela, é a minha maior forma de expressão. Sinto que é o momento em que eu posso ser eu mesmo, e isso é libertador.

Como você define o seu estilo? Quais são suas maiores influências?

O surrealismo sem dúvida é o meu estilo favorito, tanto na moda como nas artes plásticas ou nas pinturas, sempre mostro o mais belo da estranheza. E como um bom autodidata, poderia falar milhares de referências, pois eu aprendo com cada um deles suas diversas formas de expressão e perspectivas. Porém, meus favoritos atualmente são a brilhante Elsa Schiaparelli, o Daniel Roseberry e Alexander Mcqueen. Nas artes plásticas, Frida Kahlo e Salvador Dali são os meus maiores mestres.

Como é seu processo criativo?

Acho que sempre estou em processo criativo, de uma bela paisagem ao mais simples do meu cotidiano. Na minha primeira arte curtida pela Schiaparelli me inspirei em um morador de rua levando suas coisas, imaginei o Rio Negro seco, um cenário caótico, a ponte quebrada, como se fosse um futuro destruido, um sentimento muito forte que estávamos no começo pandemia. Foi uma das primeiras artes onde juntei alta costura, pintura e meu expressionismo. E mesmo com tudo desmoronando, eu estava caminhando em busca dos meus sonhos. 

O que significou para você as páginas terem compartilhado a sua arte?

É inexplicável o sentimento de ser reconhecido por uma empresa que eu admiro tanto. Essa é a terceira arte que eu faço para eles, e, como o Rodrigo Polack falou para mim, consegui captar a “alma da marca”. Desde então, isso não parou de me proporcionar coisas incríveis. Pude falar com dois estilistas grandiosos brasileiros e com o Mitcho, que é um grande comentador de moda que admiro muito. Espero que seja só o começo. Bom, não sei onde vai me levar, mas quero dizer que estou pronto.

Quais projetos futuros você pode nos adiantar? 

Estou trabalhando em uma marca já faz um tempo e pretendo em breve lançar a WLD com umas peças exclusivas. Também estou me organizando para poder entrar na área e assim poder expandir cada vez mais meu talento. Com esse reconhecimento acredito que comecei com o pé direito, e assim espero crescer mais e mais. No momento estou vendendo as pinturas, inclusive duas obras que foram curtidas pela marca. Também estou criando projetos visuais com o artista Rodrigo Vieira, para o começo do próximo semestre. 

Como é viver de arte no Brasil, mais especificamente em Manaus? O reconhecimento da marca lhe ajudou? 

Sou um multiartista independente. Trabalho como pintor, estilista, escultor e ilustrador. Moro no centro de Manaus e vivo a dificuldade da profissão no Brasil. Portanto, o sentimento de ser visto, de ser notado e reconhecido,  é imensurável. Acredito que nós, artistas do Norte, vivemos uma grande dificuldade com o consumo de arte, mas estou aqui para lutar e existir com essa classe extremamente talentosa. Fiquei muito emocionado ao ver pessoas do Brasil inteiro comentando e me marcando com frases incríveis, foi muito gratificante. Não tinha nenhum brasileiro além da Bruna Marquezine no perfil da marca, as pessoas  falando que estavam orgulhosas por ser um brasileiro e comentando a bandeira do Brasil foi demais. Ver tantas pessoas compartilhando e mandando mensagens para mim foi muito marcante, acredito que duplicou minha vontade e persistência pelos meus sonhos e eu só tenho a agradecer.