Comemorado neste domingo (14), o Dia Mundial da Conscientização sobre a Incontinência Urinária é uma campanha ainda mais necessária nos dias de hoje. Por conta da pandemia, a incontinência urinária foi uma das inúmeras doenças que sofreu um agravamento nos últimos tempos.
Estudos recentes da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) afirmam que as cirurgias de incontinência urinária caíram 60% no ano passado. Ou seja, mesmo com toda a deterioração que provoca, os pacientes ficaram com medo de procurar tratamento e internação, em função da pandemia. Mas, afinal, o que é a incontinência urinária? Quais seus sintomas? Quais as causas? Quem explica é a médica urologista Bárbara Melão, da clínica Uromed Manaus. Confira:
O que caracteriza a incontinência urinária?
A incontinência urinária é a perda involuntária área de urina. E ela pode acontecer tanto em homens quanto em mulheres, sendo que o número de casos aumenta com o avançar da idade e é muito mais comum nas mulheres. Estima-se que acima dos sessenta anos, de 30 a 60% dos indivíduos vai apresentar algum grau de incontinência.
Quais são os tipos de incontinência urinária?
Existe a incontinência urinária de esforço, que acontece quando a o indivíduo tosse, espirra, pula, ou seja, quando acontece um aumento da pressão abdominal. E existe também a incontinência urinária de urgência, que é aquela perda relacionada a um desejo miccional muito intenso, que geralmente o paciente não consegue conter. Também há a incontinência mista, que na verdade é uma associação entre esses dois tipos.
Por fim, temos as incontinências iatrogênicas, que são perdas de urina após procedimentos cirúrgicos. Nesses casos, a incontinência é um efeito colateral da cirurgia. Com a evolução desses procedimentos e o avanço das cirurgias robóticas, que estão se tornando cada vez menos invasivas, as incontinências urinárias iatrogênicas são mais raras.
Como podemos diagnosticar a incontinência urinária?
Ela pode ser diagnosticada pela anamnese e pelo exame físico. Existem exames mais acurados, como o próprio estudo urodinâmico, que classifica e dá mais informações sobre o tipo de incontinência do paciente. Isso é algo muito importante naqueles casos em que nós temos uma falha de resposta ao tratamento.
Como ocorre o tratamento da doença?
Existem orientações gerais de mudança de hábitos que podem ajudar na questão. Como, por exemplo, a perda de peso para pacientes obesos e que possuem comorbidades como diabetes, pressão alta, coronariopatias, insuficiência cardíaca, entre outras.
Mas, na verdade, o tratamento depende basicamente do tipo de incontinência que o paciente tem. A incontinência de urgência, por exemplo, é tratada com medicações. Em casos refratários podemos usar um botox intravesical ou até mesmo dispositivos de regulação da atividade da bexiga. Já a incontinência de esforço é tratada com fisioterapia de assoalho pélvico, com o objetivo de aumentar a resistência uretral, como também pode ser tratada com cirurgia.
Há casos em que é considerado normal a perda urinária?
Sempre bom lembrar que a perda de urina nunca é normal, em nenhuma situação! Muitas pessoas, inclusive, acham que é normal perder urina durante a gravidez, mas não é normal. Esse tipo de incontinência pode ser tratada e corrigida ainda durante a gestação, o que vai prevenir a ocorrência futura de incontinência nessa paciente.