quarta-feira, 15 maio, 2024
quarta-feira, 15 maio, 2024

D’água Negra revela lado B em Escárnio

Em

D’água Negra revela lado B em Escárnio. O novo single do D’ água Negra, Escárnio, anuncia a chegada do primeiro álbum e revela o lado B do trio, um percurso próprio que mostra a rápida evolução orgânica no seu processo de criação. No auge da indústria do vinil, o lado A dos discos era destinado às músicas mais comerciais dos artistas, enquanto no lado B se concentravam as mais alternativas e autênticas. Na visão de alguns deles, seus melhores trabalhos estavam ali.

Ao compor Escárnio, a primeira criação após a pandemia, o trio de vocalistas Bruno Belchior, Clariana Arruda e Melka Franco beneficiou-se do fim do isolamento social para desfrutar da possibilidade de estarem juntos, em perfeita sintonia e sedentos para expressar tudo o que foi represado.

Natural da capital do Amazonas, Manaus, o D’água Negra estreou no cenário brasileiro com o EP ‘Erógena’ no auge da pandemia de Covid-19, em 2021, lançado pelo selo Amplifica Records. Em sua essência estava o jazz como “a dramaturgia dos corpos manauaras”. O nome da banda, vale dizer, é uma homenagem ao Rio Negro, que atravessa a cidade e inspira o D’água Negra com seus mistérios e misticismo.

No EP de lançamento, o trio apresentou uma gama de influências com sinais estéticos da música negra e referências como D’Angelo e o funkster brasileiro Tim Maia, bem como breakbeat e hip hop. Ao longo das sete faixas, provocam-se sensações corporais e afetivas que mostram uma cena diversa e viva da arte e da música soul brasileira e nortista.

Já Escárnio, apesar de estabelecer uma clara conexão com o trabalho anterior do grupo e sua particular originalidade, é muito mais mundano se comparado com o onírico e metafórico ‘Erógena’, EP extremamente afetado pelo vazio e impossibilidades gerados pela escassez de trocas pessoais e pelo desolador ambiente reacionário de dois anos atrás. Escárnio, ao contrário, reflete outro momento: é uma exacerbação de sentimentos e afetos/desafetos represados.

Nascida a partir de uma necessidade urgente do contato físico, de ir para a rua e reocupar os espaços públicos, a faixa Escárnio se revela ao ouvinte sem subterfúgios, entregando um papo reto. “Sem nada, descalça/Na beira, sarjeta/ Sujeira no meu lugar/Cuspida de escárnio/Esculpida no asfalto /À esquerda dentro do bar ”.

Se por um lado viver na região Norte do Brasil traz o privilégio de ter um exuberante cenário natural por perto e uma herança cultural incrível e diversa, por outro também significa estar inserido em uma sociedade que tende a preservar valores mais conservadores e discriminatórios, incluindo homofobia, tão presente em todo o país que, vergonhosamente, é reconhecido no mundo pela violência contra a população LGBTQIAP+. É desse lugar de fala que o grupo parte para reivindicar uma mudança.

Escárnio é um grito de silêncio

Nas palavras de Bruno, “Escárnio é um grito de silêncio, é implodir em formato de música. É, em todos os sentidos, um grito de liberdade, um manifesto coletivo que dá voz para quem cansou de ser forçado a uma existência marginal”.

A melodia segue a mesma pegada. Enquanto ‘Erógena’ apresenta uma mistura de elementos eletrônicos com soul e jazz, numa experiência sensorial e quase etérea, Escárnio vem com uma potência mais densa. Cantada na atmosfera nostálgica e acelerada do breakbeat e drum and bass do final dos anos 1990, a faixa vem quente. “É o retorno dos afetos complexos na pista de dança como o duo britânico Everything But The Girl, e a sagacidade brasileira encontrada nas músicas do DJ Marky e da banda Kaleidoscópio”, contou Bruno.

Abrindo caminho para o lançamento do primeiro álbum do D’água Negra, Escárnio chega às plataformas digitais após o mês da diversidade, celebrando a inclusão e o direito de sair da marginalidade, de gritar, debochar, ser livre. “É preciso gritar e escorrer nossos afetos, pensar estratégias de sobrevivência, abrir cada vez mais espaços de diálogo afetivo e não deixar o sentimento da raiva se perder por uma falsa sensação de vitória, pois o caminho ainda é longo e árduo”, concluiu Bruno.

FAÇA JÁ O PRÉ-SAVE

 Ouça o novo single “Escárnio”, assista ao videoclipe e se deixe levar pelos mistérios do Norte do Brasil.

 Videoclipes

 Apocalices Erógena

Social

 Spotify

Instagram Facebook

 

Compartilhar
Tags

Mais lidas

Recentes

Veja Mais

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.