sexta-feira, 26 abril, 2024
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Má alimentação, estresse e sedentarismo podem elevar a pressão

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Sua vida tem sido estressante? Sua alimentação desregrada? Não faz ou faz pouca atividade física? Aumentou seu consumo de tabaco e álcool? E de comidas prontas, industrializadas? Você se sente ansioso? Pois bem, saiba que você pode estar hipertenso e não sabe. A pressão arterial até 12×8, ou 13×9 em idosos, é a considerada normal, mas muitas vezes o indivíduo passa deste patamar sem sentir nada de diferente.

E a hipertensão pode provocar diversas doenças, como arritmias cardíacas, acidente vascular cerebral isquêmico e hemorrágico, demência, aneurisma da aorta torácica e abdominal, insuficiência cardíaca, angina do peito, infarto agudo do miocárdio, perda progressiva da visão e insuficiência renal. Um estudo divulgado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia relatou aumento de casos de hipertensão e também de problemas cardiovasculares que chegaram a aumentar o número de óbitos em 2020 em 132%.

A boa notícia é que ao se controlar a hipertensão com medicamentos, as chances de se desenvolverem essas doenças são muito reduzidas.

“Cerca de 25% dos brasileiros já tinham hipertensão antes da pandemia. Em linhas gerais, o que sempre alertamos aos pacientes e estamos reforçando é que muitas doenças podem ser evitadas se diminuirmos o fumo e álcool excessivo, alimentos industrializados e ultraprocessados, que são carregados de sódio, se abandonarmos de vez o sedentarismo e ao menos, fazermos uma caminhada, pular corda, andar de bicicleta, ou exercícios funcionais em casa mesmo; e dormirmos ao menos sete horas por dia. Fazendo essa rotina, já vai ajudar a aliviar o estresse, grande provocador de hipertensão. Aí pode complementar com atividades prazerosas, como ouvir música, dançar, ler um bom livro, brincar com crianças ou animais e tantos outros hobbies ou atividades que trazem mais calma, conforto e alegria”, reforça o médico Cid Pitombo, especialista em tratamentos para obesidade e cirurgia bariátrica por videolaparoscopia.

Entre os sintomas mais comuns que podem aparecer quando a pressão está acima do normal estão dor de cabeça, dor na nuca, tontura, enjoo, dor no peito (angina), falta de ar e visão turva ou embaçada, mas normalmente a doença se instala sem dar sinais. “E é muito comum famílias terem o mesmo problema, tanto de diabetes quanto de hipertensão, porque normalmente os hábitos ruins são adotados por todos, sobretudo a alimentação rica em sal, açúcar, farinhas e gorduras. E depois da Covid trazendo tantas complicações associadas a essas comorbidades, o que se espera é a sociedade melhorar todos esses hábitos”, alerta o médico.

Emagrecimento x pressão alta

Um recente estudo brasileiro apontou que a cirurgia bariátrica pode ser mais eficaz do que o uso de medicamentos isoladamente para o tratamento de pacientes com obesidade e hipertensão a longo prazo. A cirurgia bariátrica foi responsável pela remissão da hipertensão em 40,9% dos pacientes operados avaliados após um período de três anos, ou seja, eles mantiveram a pressão controlada sem o uso de medicamentos. Nos pacientes submetidos ao tratamento clínico, a remissão foi de 2,5%.

O estudo Gateway — apresentado no Congresso da Associação Americana de Cardiologia (AHA 2019), realizado na Philadelphia, EUA — também constatou que 72,7% dos pacientes operados reduziram em pelo menos 30% o número de medicações que utilizavam antes da cirurgia. Já no grupo passando pelo tratamento clínico, apenas 12,5% conseguiram reduzir o número de medicações, sendo que na média este grupo terminou o terceiro ano tomando três vezes mais medicações anti-hipertensivas, cinco vezes mais estatinas para o controle do colesterol e oito vezes mais medicamentos para o diabetes, comparado ao grupo cirúrgico.

Participaram do estudo 100 pessoas. Destas, 50 foram submetidas a cirurgia de redução do estômago (Bypass gástrico) e outras 50 continuaram com o tratamento clínico. O estudo Gateway foi coordenado pelo cirurgião bariátrico, Carlos Aurélio Schiavon, e realizado no Hospital do Coração (HCor), em São Paulo.

Ele explica que além de controlar a pressão arterial, o tratamento cirúrgico demonstrou melhores resultados em todos os parâmetros metabólicos e inflamatórios. “Após três anos de monitoramento, os pacientes operados apresentaram excelentes resultados no controle da glicemia que reduziu 14%, do LDL-colesterol (colesterol ruim) que reduziu 29%, dos triglicérides 47% e do IMC que reduziu 28% em relação à fase pré-operatória”, elencou Schiavon.

“Esses resultados do Gateway se somam aos grande estudos mundiais que mostram os enormes benefícios da cirurgia bariátrica e metabólica e que transcendem a perda de peso, resultando na remissão do diabetes tipo 2, da hipertensão arterial, entre outros aspectos”.

De acordo com o cardiologista, Luciano Drager, que participou do estudo, a obesidade aumenta em até 4 vezes as chances de um indivíduo ser hipertenso e de ter um Acidente Vascular Cerebral (AVC), infarto, problemas renais e Diabetes Tipo 2. Ele alerta que, mesmo com a remissão da hipertensão, os pacientes devem monitorar a doença. “Precisamos lembrar que a hipertensão não apresenta sintomas, é uma doença silenciosa”, reforça.

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