Mesmo que o número de brasileiros estudando no exterior tenha aumentado – em 2019, 386 mil pessoas foram buscar aprendizado em outros países, registrando um crescimento de 5,6%, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio (Belta) – tal conquista da internacionalização do ensino pode não ser uma opção viável para muitos outros.
De acordo com uma pesquisa do Datafolha, 62% dos brasileiros com idade entre 16 e 24 anos têm o desejo de estudar e morar fora. Como nem sempre isso é possível pelos tradicionais intercâmbios, outras formas inovadoras e criativas têm despertado o interesse de estudantes brasileiros, por superarem os obstáculos que um período longo de intercâmbio oferece – principalmente os custos – e ampliarem as possibilidades de uma vivência internacional para estudantes universitários de todas as áreas.
Pensando em promover a oportunidade de estudo no exterior, universidades têm levado grupos de alunos para viagens culturais internacionais. A experiência, que consiste em aprimorar conhecimentos em outros países por um curto período, de 20 a 30 dias, possibilita uma intensa imersão de ensino, porém, de forma mais econômica, acessível e prática por meio de parcerias com agências de turismo.
Em 2019, a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Escola da Cidade, sediada em São Paulo, em parceria com a agência Estação Férias Viagens, conseguiu proporcionar para os universitários uma viagem de 22 dias para o Japão numa imersão cultural e arquitetônica.
Com a participação de 21 estudantes, além de professores e arquitetos locais, o grande desafio para organizar uma viagem tão complexa não foi somente financeiro. Afinal, a logística para visitar um país com tantos costumes, idioma, cultura e serviços diferentes, necessitou de um planejamento estruturado para viabilizar uma experiência 100% customizada.
Segundo o diretor geral da Estação Férias Viagens, Luiz Cesar Giagio, que acompanhou os participantes como agente, o objetivo foi otimizar o tempo dos alunos para que não o desperdiçassem na busca por endereços, horário de funcionamento dos locais, transportes, sejam eles públicos ou particulares, e pudessem entrar em contato com uma variada e recente produção arquitetônica, permitindo conhecer o máximo de espaços de trabalho de diferentes escalas, bem como processos específicos de produção projetual. “Fazer acontecer tudo isso, dentro de um orçamento que a família ou o próprio estudante pudesse pagar, tinha que ser muito bem elaborado. Cheguei no Japão um dia antes para recebê-los no aeroporto. Foi uma experiência para que eles pudessem focar nos estudos e ter o máximo de aproveitamento dessa aventura que levarão para a vida profissional e pessoal”, afirma.
O grupo visitou as cidades de Kyoto, Koya-san, Nara, as três ilhas de Naoshima, Teshima, Inujima, Kanazawa, Hiroshima, Sendai e Tóquio, além de inúmeros escritórios e museus.
Para o professor e arquiteto José Paulo Gouvea, que também acompanhou a viagem, não ter nenhum período de ociosidade foi essencial para a experiência ser completa. Além da organização de um grande grupo de pessoas que necessitou atenção e cuidados dobrados. “Os japoneses não estão acostumados com um grupo de pessoas desse tamanho andando pelas ruas. O Luiz foi incrível para viabilizar tudo, antecipou as passagens de trens e todos os transportes públicos que utilizamos, que por sinal, são bem rigorosos quanto aos horários. Sabíamos, de forma precisa, quanto tempo ficaríamos em determinado lugar ou veículo. Para se ter uma ideia, foi necessário fechar com três hotéis diferentes para comportar todos e, mesmo assim, ficamos uns próximos aos outros e arcamos com os mesmos valores. Foi um verdadeiro quebra-cabeças para fazer dar certo. Não tivemos nenhum dia parado, sempre trabalhando e pesquisando”, conta.
O professor também fez questão de afirmar a importância do trabalho de um agente de viagens: “Não é somente ficar ligando e reservando. Ele escolheu ‘a dedo’ cada detalhe, inclusive, a melhor rota do voo, parcelou o valor total para cada um e esteve do nosso lado o tempo todo”, finaliza José Paulo Gouvea.
A Estação Férias Viagens aguarda a fim do período de quarentena, imposto pela pandemia, para dar continuidade aos projetos de viagens culturais para universidades e escolas que oferecem o Ensino Médio. “Acreditamos que esta será uma tendência de viagem para os próximos anos, pela experiência valiosa que proporciona a esse público”, afirma Luiz Cesar