domingo, 28 abril, 2024
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Artista visual indígena do Amazonas apresenta exposição no MAM Rio

Em

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) inaugura, no dia 11 de dezembro, a terceira exposição do programa Supernova, plataforma para a produção de arte contemporânea ao longo do território brasileiro. AQUI ESTAMOS, individual da artista visual indígena UÝRA, é um projeto concebido para o museu carioca, com curadoria de Beatriz Lemos. A mostra reúne múltiplas histórias de pessoas indígenas em diáspora pelo território nacional. 

Artista visual, pesquisadora, educadora e mestra em Ecologia nascida em Santarém (PA), UÝRA utiliza o corpo como suporte para narrar histórias de diferentes naturezas, por meio de performances e instalações

UÝRA é indígena em retomada, habitante da periferia de Manaus. Trabalha a partir de uma relação com o território para criar manifestações materiais de presenças indígenas, seja a partir de sua própria identidade ou de outras pessoas indígenas com as quais trabalha. Sua poética foca na procura da autoestima coletiva e da continuidade da vida, ressaltando a abundância de experiências dos parentes indígenas com o espaço, a memória e o tempo, estimulando encontros e a criação de vínculos. 

“Atuo principalmente criando imagens que refletem diferentes naturezas. Tanto a natureza que compreendemos enquanto indígenas — das coisas vivas em estado de liberdade (os bichos, a gente, o rio, o vento) –, quanto uma outra natureza estranha, das violências às quais somos continuamente submetidos e forçados a nos acostumar”, diz a artista que foi destaque da 34º Bienal de São Paulo, da Bienal Manifesta! e vencedora do Prêmio PIPA 2022.

De acordo com a curadora Beatriz Lemos, AQUI ESTAMOS lida com a diáspora indígena e a importância de um levante atual de pessoas racializadas que vivem em contextos urbanos e desconhecem suas descendências: “Ser indígena sem qualquer possibilidade de rastreamento de seu povo é o resultado de uma série de massacres sucessivos, de um genocídio colonial e um deslocamento forçado. Hoje, há um movimento de retomada e de resgate da identidade desses indivíduos que se entendem indígenas longe do contexto aldeado ou do contato com um povo específico. AQUI ESTAMOS tem a intenção de afirmar que os indígenas estão em todo lugar e não somente na floresta”, analisa a curadora.

“Primeiro nos levaram as terras, os territórios. Junto a isso, um etnocídio com o apagamento de nossas culturas, nos deixando com os corpos vivos e diferentes apelidos. Quando não sabemos quem somos, quando já não temos um território, quando já não temos a nossa cultura e perdemos a identidade, a colônia vence e nos leva tudo.” (UÝRA)

Resultado de um processo de pesquisa, contato e encontros realizados por UÝRA em várias regiões do Brasil, as obras apresentadas na exposição iniciam um trabalho de mapeamento e interconexão entre indígenas, principalmente em contextos urbanos, seguindo linhas de parentesco construídas desde a terra e de encontros possibilitados pelas águas. “AQUI ESTAMOS marca essa presença, que atravessa os tempos, de pessoas que vivem o constante apagamento histórico da colônia ao Estado brasileiro”, afirma UÝRA.

Entre os trabalhos apresentados está a instalação NOSSAS CARAS. São 44 rostos registrados pelo olhar da artista, com gestos, expressões e semblantes que apresentam subjetividades indígenas e representam milhões de outras faces no Brasil. 

NOSSAS HISTÓRIAS convida o público a se sentar em esteiras para escutar as vozes das pessoas fotografadas em NOSSAS CARAS, que narram suas próprias vidas. Os áudios revelam genealogias e relações que constituem o Brasil, também em sonhos e memórias. A oralidade oferece múltiplos contornos para a realidade indígena e estimula a permanência dessas histórias no mundo. 

Um percurso de folhas pela parede acompanhado por uma cronologia da diáspora indígena na Amazônia e as violências empregadas desde o período colonial até os dias de hoje, ao longo de 130 verbetes, compõem a obra NOSSOS RASTROS. O percurso das folhas, em linhas curvas e redemoinhos, ecoa um percurso adotado pelas formigas e conhecido como “espiral da morte”, em que os insetos encontram uma estratégia de sobrevivência a partir do reconhecimento entre pares. Essa imagem remete aos escapes realizados por pessoas e coletivos indígenas frente às armadilhas coloniais. 

Supernova é um programa do MAM Rio de exposições individuais, que já trouxe ao museu Ana Clara Tito e Sallisa Rosa.

SERVIÇO:

Programa Supernova: UÝRA | Aqui estamos

Abertura: 11 de dezembro de 2022

Encerramento: 02 de abril de 2023

MAM Rio

End: av. Infante Dom Henrique, 85

Aterro do Flamengo – Rio de Janeiro

Tel: (21) 3883-5600

https://www.mam.rio/

Instagram: @mam.rio

Horários:

Quintas, sextas, sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h

Aos domingos, das 10h às 11h, visitação exclusiva para pessoas com deficiência intelectual

Ingressos:

Contribuição sugerida, com opção de acesso gratuito
Valores sugeridos:
Adultos: R$ 20

Crianças, estudantes e +60: R$ 10 

Ingressos on-line: www.mam.rio/ingressos

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